Illustratus: Maureen Bisiliat

20 de abril de 2010

Maureen Bisiliat

Com formação em pintura em Paris e Nova York, Maureen Bisiliat construiu uma obra fotográfica que transcende a intenção plástica e é usada como recurso para a apreensão dos aspectos mais profundos de cultura brasileira. Seus temas se relacionam com antropologia, tratando de lugares inexplorados e do estabelecido como exótico no imaginário coletivo, e incorporam referências de outras artes, como a literatura.

Maureen nasceu em Englefields Green (Surrey, Inglaterra), em 1931, e vive no Brasil desde a década de 1950. Sua vinda para o país representa simbolicamente uma busca por raízes - o que, em suas próprias palavras, sendo filha de diplomata, ela nunca teria tido. Seu trabalho começou a se destacar na Editora Abril, onde atuou até o início dos anos de 1970 como fotojornalista nas revistas Quatro Rodas e Realidade. Nesta última ela publicou ensaios célebres, como o que registrava o cotidiano das coletoras de caranguejo de uma mangue em Pernambuco.

Ainda nessa época, no conjunto de várias iniciativas do resgate da cultura indígena brasileira, Maureen viajou diversas vezes ao Parque Indígena do Xingú, onde captou imagens consideradas históricas e antológicas - que estão nos livros Xingu, de 1978, e Xingu/Território tribal, de 1979.

Paralelamente, a fotógrafa ficou célebre pelos ensaios inspirados na literatura de autores como Guimarãoes Rosa, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado e Mário de Andrade.

Premiada em diversas oportunidades, Maureen passou a se dedicar principalmente ao vídeo a partir dos anos de 1980. Em 1988, foi convidada pelo antropólogo Darcy Ribeiro a formar um acervo de arte popular latino-americano para a Fundação Memorial da América latina. Viajou para o México, Guatemala, Equador, Peru e Paraguai, recolhendo pelas para a coleção permanente do Pavilhão da Criatividade daquela instituição, do qual é curadora.