13 de março de 2010

História do Mosaico


A origem do mosaico é indeterminada, sendo que essa arte se manifestou com grande expansão durante o Império Romano, particularmente em Pompéia no século 1º e em Constantinopla, no século VI. Os romanos difundiram a arte do mosaico em todos os confins do Império. A palavra Mosaico origina-se do termo "mosaicon", que significa "musa". Algumas fontes traduzem como "paciência das musas".
O mais antigo mosaico existente foi feito em torno de 3000 a.C. pelos Sumerianos (antiga mesopotâmia), na área hoje conhecida como Iraque. Era constituída de arranjos de estacas coloridas de argila que eram prensadas dentro da superfície de paredes.


Estandarte de Ur”, considerado por muitos historiadores como o mosaico mais antigo que se tem conhecimento. Foi encontrado na Suméria (antiga Mesopotâmia) atual Iraque. Trata-se de dois painés retangulares, feitos de mármore, arenito avermelhado, lápis lazúli e conchas. Suas duas faces forma trabalhadas, numa delas são narradas cenas de guerra, com o rei e seu escudeiro num carro que corre e espezinha seus inimigos. Os vencedores conduzem os prisioneiros, os quais atados em pares, são apresentados ao rei.Na outra face mostra-se cenas da vida doméstica de um dos reis sumérios. 

Depois os egípcios usaram fragmentos de materiais coloridos e pedras semipreciosas para decorar paredes, móveis, objetos e peças de joalheria. O crescimento do cristianismo introduziu novos temas, mas as técnicas e materiais continuaram intactos até a era bizantina, iniciada pelo Imperador Justiniano em Ravena*, em torno de  527 d.C. Este foi o mais rico e inovativo período do mosaico, exemplificado pela maravilhosa e luminosa criação de igrejas bizantinas.

Os mosaicos Bizantinos Justinianos mais significativos são os das igreja de Ravena. Na igreja São Vital estão representados o imperador Justiniano e Teodora, com seus séquitos.

Nos textos antigos se lê que, com excessão dos poucos mosaicos de elementos arredondados, se começou a compor o mosaico quando nasceu a arte de cortar a mármore. Não sabemos entretanto se este mérito deve ser atribuído aos gregos, aos egipcianos ou aos persianos. Se pode apenas pender para os egipcianos recordando as palavras de Herodoto na descrição dos tetos e das paredes das salas do Labirinto na Cidade dos Crocodilos, toda ornada de pinturas esculpidas.

Também os egipicianos não foram os primeiros, mas certamente dada a antiguidade das descobertas arqueológicas e aos testemunhos literários, esses estavam entre os primeiros. Quanto aos persianos, não nos maravilha o fato que mais que todos os outros, estes tenham tido um interesse pelo trabalho com a pedra. De qualquer maneira, os verdadeiros inventores da arte musiva foram muito provavelmente os persianos.

A mesquita de Damasco (Síria), é um monumento belíssimo, não só pela construção, mas também pela decoração musivária, incluindo tesselas de ouro.

O mosaico floriu, antigamente, nas regiões ricas de mármore e cada país usava preferencialmente as mármores das suas próprias escavações. O ponto de desembraco eram os magazines de recebimento dos pontos portuários de Ostia e do porto de Adriano: depois em Roma, ao longo do Tevere, próximo ao monte Testaccio, se encontrava o depósito definitivo: a "marmoraria". Não se deve excluir que os depósitos importantes existiam também junto aos maiores portos do Adriático: Aquileia, Ravenna e Classe.
O período de máximo florescimento das vidraçarias combinadas a lojas para o mosaico pode ser indicado no ano de 313 a.C., no Egito, na cidade de Alexandria fundada por Alexandre Magno. Por sua vontade política Alexandria foi o centro mais importante para estudos e técnicas aplicadas de variadas formas de arte. É a partir deste momento que a arte do mosaico teve a disposição material idôneo para o seu desenvolvimento.


Mosaico Tradicional
 
A melhor obra musiva é aquela que o artista executa diretamente no local empregando o "método direto" que leva em conta uma infinidade de fatores entre os quais: a distância do ponto de observação; a variação da luz real durante os diversos momentos do dia ou, eventualmente, o tipo de luz artificial; os materiais de que se constituem as pastilhas.

Observando as grandes superfícies de mosaico da antiguidade, se pode afirmar que os artistas trabalhavam em grupo e que eles possuíam diferentes graus de sensibilidade e de preparação artística e manual. Os detalhes mais precisos dos rostos, dos vultos dos animais e das roupas, vinham sempre afidados à mesma pessoa, já qualificada. As partes gerais e as partes ornamentais eram afidadas aos ajudantes.

 
Método Direto

O método direto consiste em depositar as pastilhas diretamente "in loco" no suporte definitivo. A liga é aplicada de acordo com o andamento do trabalho.
A grande vantagem deste método consite em poder escolher a forma, a cor e a inclinação das pastilhas em relação ao espaço ao qual o mosaico será aplicado e, sobretudo, ajustá-la com base na luminosidade natural do ambiente.




Método Indireto 
O método indireto  consente a realização do mosaico de acordo com um tempo previsto e um local previamente escolhido. A composição é em verdade executada em laboratório, colando-se as pastilhas sobre uma folha de papel (ou tecido) sobre o qual está reproduzido o desenho do mosaico que se deseja executar. Quando o trabalho acaba a liga será depositada na parte posterior da obra. Se gira então o mosaico, apoiando-o sobre o suporte definitivo e, por último, se retira a folha de papel.
Se por um lado o trabalho é rápido e cômodo, de outro, os resultados são menos dinâmicos com relação aos obtidos através do método direto. O método indireto consente a obtenção de resultados de ótima qualidade, típicos do método direto, e além disso possibilita a realização em um estúdio. Dada à sua particularidade, essa técnica permite a reprodução de mosaicos antigos.

 
 
Mosaico Arquitetônico

Na época de 1900 houve uma inclinação a se reavaliar a arte musiva sobretudo no que diz respeito a decoração arquitetônica, para a qual geralmente foram adotadas as tendências e os estilos que estavam na moda na pintura. Um exemplo disso são os grandes mosaicos que revestem a Cidade do México . Na Itália, não faltaram artistas versáteis que no decorrer de suas pesquisas pessoais de expressão se encontraram com a técnica do mosaico (Aldo Carpi, Pietro Cascella, Felice Casorati). 


O maior mosaico do mundo está na cidade do México e tem 4000m². Essa Fantástica obra foi contruída pelo arquiteto e pintor Juan O'Gorman. O imenso mural é na realidade o revestimento do edifício da Bilioteca Central da Cidade Universitária da UNAM - Universidade Nacional do México. Sua construção se deu de 1949 a 1951.

Na arquitetura, além dos espaços internos, o mosaico é utilizado para revestimentos externos de fachadas, fontes, piscinas e esculturas.

O mosaico permite aos arquitetos embelezar em modo original e eficaz inteiras fachadas ou criar pequenos particulares, dando cor e forma a partes de edifícios que passariam desapercebidas. Cada revestimento dos edifícios realizado colocando lado a lado pastilhas moduladas, pode ser considerarada um mosaico, mas apenas se define como mosaico se as pastilhas forem de dimensão reduzidas. No caso de revestimentos externos, depende da extensão das supercíficies a serem cobertas. Se utiliza normalmente cerâmica ou vidro para esse fim.

Um belíssimo exemplo de utilização criativa do mosaico em cerâmica, nos oferece a obra de
Antonio Gaudì*, arquiteto do modernismo catalano. Ele combinou magistralmente o mosaico com fragmentos de cerâmica para dar uma atmosfera honírica e mágica aos seus edifícios, ainda visíveis em Barcelona.

 
Gaudi's Mosaic

Antonio Gaudì, (1852-1920), arquiteto excepcional, com módulos linguísticos sem comparação, seguiu um esaltante fervor místico modulando os espaços arquitetônicos como massa de pensamento fluido, gelatinoso e então endurecido, petrificado durante a frealização. Em planos horizontais, inclinados, em camadas e em linhas dinâmicas, no monumento da Sagrada Familia, se seguem massas instáveis, volumes heterogêneos; elementos em perspectiva revestidos de esmaltes de vidro.


Gaudi's Mosaic

Gaudì foi um mosaicista anômalo: realizou superfícies musivas de fragmentos, superfícies musivas com uma oscilação de luminosidade; superfícies de azulejos, superfícies luminosas, superfícies lúcidas, superfícies sinuosas, superfícies multifacetadas e conjuntos coloridíssimos. Completou insólidos contrastes de cores complementares; contraste entre azul escuro, azul claro, violeta, amarelo e laranja; contraste entre verde, azul, violeta, vermelho e laranja. Concebeu a combinação do azul e do branco: encontro de água marinha e espuma do mar; combinação de céu e nuvens. Usou pedra combinando-a a azulejo decorado, ferro e tijolo, madeira e vidro que se entrelaçavam, se compenetravam envolvendo-se um no outro em um sucessivo de representações ricas de espaços cheios e vazios, de protuberâncias, retrações, dilatações.

Em Gaudì se fundiram o arquiteto, o pintor, o mosaicista. O seu modo de fazer mosaico é anômalo, é como quebrar sem decompor, é tirar a rigidez do interno para obter pequenas partes que, mesmo sendo rígidas, obedecem à reunião imediata sob a forma desejada, inventada pelo artista e que representa o mosaico na Espanha.


Em Paris nasceu com Charles Garnier uma nova arquitetura com o máximo interesse no mosaico. Na Ópera de Paris (Opéra di Parigi), uma construção monumental deste arquiteto, decorações musivas foram inseridas com o objetivo de acentuar a suntuosidade dos espaços.
"A obra de arte musiva deve respeitar a arquitetura, deve ser integrada, mas deve permanecer como uma obra de arte original, criada por um pintor mosaicista, concebida como um meio de expressão autônomo e autêntico, situada filosoficamente e historicamente no próprio tempo, com o respeito da sua própria individualidade e presença."- Gino Severini*, que na primeira metade do século XX secolo criou em Paris a Escola Italiana e Arte (Ecole Italienne d'Art), endereçada prevalentemente a grandes decorações públicas.


A Rosa-dos-Ventos tem 50 metros de diâmetro e é executada em mármores de vários tipos, contendo um planisfério de 14 metros. Naus e caravelas embutidas marcam as principais rotas dos Descobrimentos Portugueses.
A autoria do desenho pertence ao arquiteto Cristino da Silva. O desenho serve de decoração ao terreno de acesso ao Padrão dos Descobrimentos.
Foi oferecida pela República da África do Sul a Portugal.
 

Mosaico na Pintura

Mosaico e pintura sempre tiveram um relacionamento muito próximo, também difícil e não privado de contradições. Por um longo tempo efetivamente o mosaico ressentiu-se do poder da pintura e se moveu desesperadamente na tentativa impossível de imitá-la. Para traduzir uma opera pictórica em mosaico se deve levar em conta as diversidades das duas técnicas: enquanto o mosaico produz uma superfície irregular e sobretudo descontínua do que deseja representar , a pintura é contínua e fluida.

Durante o Renascimento, os maiores centros de produção do mosaico se encontravam em Veneza e em Roma. Na cidade lagunar forneceram modelos para serem transformados em mosaico pintores famososos como Tiziano, Lotto, Tintoretto e Veronese. A sorte desta arte entrou em declínio nos séculos sucessivos, apesar de terem ficado ativas reconhecidas famílias de mosaicistas (como por exemplo os Zuccato e os Bianchini) e laboratórios especializados. Entre 1600 e 1700 se afirmou a idéia de que o mosaico devesse ser considerado como uma mera reprodução mecânica da pintura, de menor dignidade.


Na Europa do Renascimento a arte musiva foi quase completamente abafada pela pintura a óleo. Em 1419 um incêndio devastou a Basílica de S. Marco em Veneza e não se encontrou ninguém capaz de reparar os mosaicos. Trinta anos depois em Murano nasceram fornos especializados na produção de pastilhas, mas a qualidade não era a mesma de antigamente. A mais importante obra musiva do Renascimento é a decoração da Cappella dei Mascoli em S. Marco. A decoração ocupou artistas venezianos e toscanos por uma dezena de anos (Michele Giambono, Andrea del Castagno, Jacopo Bellini e Andrea Mantegna). Nos mosaicos desta capela foram introduzidos os temas da perspectiva, debate sob o qual se centrava particularmente Padova e Veneza naqueles anos. Importantes pintores do Renasciemnto entretanto, se interessavam pelo mosaico, como Tiziano, Tintoretto, Raffaello e Mantegna, o qual pintou o contorno do quarto dos esposos em Mantova come se fosse recoberto de mosaicos de ouro, abrindo caminho para o falso mosaico em ouro.


Na Roma do Renascimento, os únicos dois episódios de relevo no campo da arte musiva foram a decoração da Chiesa di Santa Maria del Popolo, baseada em modelos de Raffaello, e a execução do altar de San Pietro. Somente em 1700 se assiste a um ressurgimento de interesse com relação a esta técnica artística, com a criação do Studio Vaticano (1727), cujo laboratório de restauro inspirou iniciativas similares em Paris, Londres e San Pietroburgo.


Devido à sua materialidade e seus traços fortes e decididos no qual a protagonista é a cor, as pinturas de V.
Van Gogh* estão entre aquelas que maiormente se prestam a uma interpretação musiva.

Interpretar um quadro em mosaico não pode significar realizar uma cópia fiel de uma obra pictórica. Esta última representa apenas um traço que o artista transforma de acordo com a sua pópria sensibilidade. O mosaico assim passa de uma técnica artesanal para uma forma artística autônoma.




Mosaico Ecológico
Existem laboratórios que se recusam a trabalhar vitral de chumbo, apesar  do potencial mercado. Essas empresas optaram por uma teconlogia de ponta: o polímero reforçado, que é uma solução que além de não ser tóxica, é ecológica e apresenta vantagens importantes em termos de duração, estabilidade de cor, produção, preço, peso e ausência de manutenção, entre outras.
Alguns motivos de recusa em trabalhar com chumbo:
A toxicidade do chumbo é conhecida há milhares de anos, sendo atualmente  uma das maiores preocupações ambientais. O chumbo é extremamente tóxico, mesmo em pequena dose  e o seu efeito no organismo é cumulativo. Concentra-se no sangue, tecidos e ossos e causam anemia,lesões cerebrais permanentes, problemas gastro-intestinais, no sistema nervoso central  e no funcionamento dos rins.
Sintomas possíveis são: anorexia, fadiga, dor abdominal,  vômitos, diarréia, incapacidade de concentração, letargia, comportamentos bizarros ou agressivos, depressão,redução da libido, neuropatia motora, hiperuricémia,  aminoacidúria, bradicardia, hipertensão, coma.
Quase todos os artigos que utilizavam chumbo foram substituídos pela utilização de tecnologias mais avançadas: gasolina, obturações dentárias, canalizações, tintas, cerâmica, rolhas de champanhe, vitrais, tipografia. Na técnica clássica de vitral, além do uso de chumbo nas junções  e soldaduras, também se usam outros metais pesados tóxico na fabricação dos vidros coloridos, acrescentando impurezas de bismuto, cádmio, cobalto, etc (e outros menos perigosos - ouro, cobre, ...) à massa de vidro fundido. Apesar de proibido, ainda há muito estoque destes vidros em fábricas e vitralistas mais antigos. São conhecidos muitos casos de pintores e vitralistas que contraíram saturnismo e outros tipos de envenenamento por  chumbo.
O mosaico ecológico consiste num trabalho de arte feito por uma junção de cacos, coloridos um a um, pétala por pétala, folha por folha, numa técnica similar ao método tradicional de confecção  de vitrais. Não se trata, portanto, de pintura sobre vidro ou sobre acrílico, uma vez que cada um destes cacos coloridos tem a espessura de cerca  de 2mm. Uma vez completado o trabalho de arte, este será como que “prensado” no meio de duas camadas de poliéster reforçados com fibra de vidro, uma de cada lado. O prossesso  é executado a frio por fusãp química, que torna o trabalho de arte encapsulado, inviolável, inquebrável. A natureza desse produto não é vidro.


Instrumentos
Os instrumentos para se realizar o mosaico são simples, de número limitado e substancialmente invariáveis no tempo: são um martelo com ferro cortante de ambos os lados e um alicate, que permitem a obtenção de cortes exatos e precisos de mármore e esmalte. Esses materias encontram-se a venda junto aos especialistas em mosaico e em lojas de belas artes bem fornidas.
Existem também cortadores mecânicos e cortadores manuais. São úteis também para reduzir as pastilhas em pequenos fragmentos.

Ocorrerá por fim uma pinça para manejar as pastilhas menores.


Material necessário:
Pastilhas de Vidro
Base em Madeira
Cola
Pincéis
Esponja
Rejunte para Pastilha
Lápis, Borracha, Compasso, Régua

topo da página
Instrumentos e materiais para proteção:


Torquês para Mosaico
Pinça para Mosaico
Luvas
Óculos de Proteção
Espátula de Plástico


topo da páginaPastilhas

Originalmente os mosaicos eram compostos de pequenos elementos circulares. Mais tarde preferiu-se os cubos de mármore, de pedra, de vidro e de cerâmica. Para a fabricação desses elementos quadrados chamados pastilhas, normalmente se cortam finas placas de mármore ou pedra colorida em faixas de poucos milímetros, que depois são subdivididas em pastilhas.

O vidro fundido, ao qual é possível conferir as colorações mais variadas mediante a adição de óxidos metálicos, é obtido colocando-o em estado líquido sob uma superfície plana e depositando-o ali até que se resfrie. Sob a placa dura obtida desse modo se praticam numerosos cortes com um instrumento afiado e assim se diminui o material para a sua posterior utilização na composição do mosaico.
As pastilhas de ouro e de prata se obtém aplicando folhas desses preciosos metais à placa de vidro de colaração tênue. O bloco vem depois recoberto como uma "empanada", ou seja, um extrato fino de vidro em pó, que então vai ao forno, onde o pó de vidro se dissolve formando um revestimento transparente; quando então vêm finalmente cortado em pequenos fragmentos.
As pastilhas são elementos que definem o desenho e as cores da composição. São realizadas com materiais os mais diversos possíveis e desde a antiguidade se usavam materiais naturais como fragmentos de conchas, madrepérola, lápis lázuli, pedras, mármores e rochas. Seja na época romana que na época medieval, existiam também mosaicos realizados com pequenas placas de mármore dispostas em modo a formarem motivos geométricos ou figurativos. Outras pastilhas, inventadas pelo homem, são as pastas de vidro, denominadas esmaltes, as cerâmicas e ainda as resinas sintéticas dos últimos tempos.


A escolha dos materiais deve corresponder a dois propósitos:


1- não perder as suas características durante o corte.


2- resistência das cores aos agentes atmosféricos.






Pastilhas industriais
O mosaico realizado com o vidro sofreu uma notável industrialização. As pastilhas quadradas hoje em dia são perfeitamente regulares e com o tamanho que varia predominantemente entre um a dois centímetros laterais, podendo ser predispostas de modo prático em uma rede que as interliga. Deste modo, essas pastilhas podem ser isoladamente destacadas dessa rede ou completas faixas de pastilhas paralelas podem facilmente serem depositadas sobre superfícies planas e curvilíneas.
 

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Lascas e Pedras
 
A natureza nos oferece uma infinidade de lascas e pedras, com uma gama ampla de formas e cores. Geralmente uma lasca é uma escultura natural, exemplar único e irrepetível. São os materiais mais indicados para iniciar a aprender a técnica do mosaico. As lascas são geralmente aproveitáveis e tem um custo extremamente baixo, senão nulo: são encontradas na beira do mar, ao longo dos rios, nas grutas, nos campos e nos jardins.

Para se criar um mosaico com essas lascas pode-se orientar a escolha com base na matéria que as compõem, à cor, à textura, aos sinais e aos desenhos que elas apresentam. As lascas oferecem uma vasta gama de cores à excessão do azul. Têm geralmente tonalidades quentes e naturais: as cores intensas são muito raras. Escolha formas preferivelmente planas e ovais, que permitem uma colocação ágil e uma maior facilidade de corte.


A grande família das pedras naturais compreende pedras duras semi-preciosas, que podem ser usadas para enriquecer o mosaico, sem que esse alcance uma despesa proibitiva. Entre as pedras duras se encontra a cor azul, que não existe em outras pedras. O lápis lázuli efetivamente apresenta uma gama que vai do turqueza até o azul cobalto.


Os mosaicistas usam também a ágata, o jade, o ônix e os quartzos duros (olho de tigre, calcedônia). A madrepérola, extraída da parte interna da concha de alguns moluscos, já era usada pelos bizantinos. Inserida como moldura ou como zona de luz no interno do mosaico, dá um toque particular à composição.


As pedras se cortam com dificuldade e esta operação exige instrumentos apropriados, sendo aconselhável fornir-se de pequenas placas já modeladas ou usar a pedra em si ao interno da composição.
 
topo da páginaMateriais Rochosos
 
São geralmente denominadas com o termo mármore, o qual se compreende, no campo do mosaico, a grande família das rochas, que inclui também as mármores propriamente ditas. As rochas usadas no campo musivo tem uma boa capacidade de serem trabalhadas e têm um baixo custo.

Se usam rochas vulcânicas como o granito para a composição de mosaicos, por exemplo. Estas pedras derivam do consolidamento de um material magnético embaixo da crosta terrestre. Têm a característica de serem particularmente duras, portanto difíceis de serem cortadas. Por esse motivo geralmente são usadas em grandes blocos.

Entre as rochas sedimentárias se escolhem sobretudo as calcáreas, como o alabastro. Elas se formam no curso dos séculos com a sedimentação de detritos de rocha e outros elementos levados pela água e pelo vento. São rochas macias, e devido a isso aptas a serem trabalhadas. O travertino entretanto é um material muito poroso.

As rochas metamórficas compreendem as mármores propriamente ditas. O mármore também é de natureza calcárea, se prestando então a ser cortado com facilidade, mas, à diferença das rochas calcáreas, é pouco poroso: isso garante a sua boa resistência no tempo além de se apresentar numa grande variedade de cores. Estas características fizeram com que este fosse um dos materiais mais privilegiados na técnica do mosaico.

As rochas apresentam uma gama cromática extremamente ampla:

1-
as rochas vulcânicas
granitos: do cinza ao preto e do verde ao vermelho
porfidi: do vermelho-violeta ao verde
ossidiana: preto

2-
as rochas sedimentárias
travertino: amarelado, tonalidades sempre claras
alabastro: branco-rosado ou dourado
As mármores têm uma grande variedade de cores. São:
a- monocromáticas: brancas, esbranquiçadas (do cinza ao azulado até o preto) e coloridas, sobretudo amarelas, vermelhas e pretas.

b-
policromáticas: se subdividem de acordo com a disposição das cores, que podem variar em uma mesma mármore, de acordo com a direção do corte: arabescos, floridos, manchados, etc.

Podemos citar também as mámores com fundo cinza azulado com veias esverdeadas e as mármores paonazzi, que contém um fundo amarelo claro com veias violeta e verde chamadas flores de pêssego, ou ainda podendo apresentar um fundo branco com nuances de vermelho formadas de fragmentos calcáreos com sedimentação de diversas cores.


topo da páginaPérolas e Madrepérolas
 
As pérolas e madrepérolas são substâncias orgânicas, são produtos de um organismo vivo. As pérolas são formadas das secreções glandulares de algumas ostras e moluscos sejam marinhos que de água doce.

Somente os moluscos que revestem as suas conchas de madrepérola produzem pérolas. Não é necesssário lustrá-las para acrescentar a sua beleza. Fascinados pelo seu brilho e por sua pacata beleza, elas foram usadas especialmente nos mosaicos do período bizantino para decorar as esfinges dos imperadores ou embelezar partes de arquitetura fantástica.


topo da páginaEsmaltes e Pasta de Vidro
 
Pelo termo esmalte se entende geralmente o revestimento de vidro aplicado às superfícies de cerâmica. Os mosaicistas estendem este termo à pasta de vidro através da qual se obtém essas pastilhas.

Os esmaltes são materiais musivos por excelência. Os mosaicistas o preferem devido às suas seguintes propriedades:


-Facilidade de corte:
é possível marcar o corte com um simples cortador para esse fim e separá-lo com o alicate. Além disso se prestam ainda a serem modelados e a passarem por um acabamento com a lixa.


-Impermeabilidade:
o espessor e a têmpera do vidro rendem o material particularmente resistente aos ataques atmosféricos. O esmalte é então um material idôneo para mosaicistas que desejam realizar seu trabalho em ambientes externos.


-Riqueza de cores obtidas misturando ao impasto de vidro quantidades diferentes de óxidos metálicos, até se obter uma variedade de coloração praticamente infinita.


-Brilho das cores, próprio do vidro, submetido a lustração.


-Sensibilidade à luz: o vidro tem a capacidade de dialogar com o feixe de luz que o penetra. A inclinação das pastilhas e o tipo de rejunte se transformam num fator de primeira importância para a obtenção dos efeitos luminosos.


-Esmaltes dourados e prateados: tem a capacidade de tornar preciosos a composição.


Os esmaltes conheceram o seu máximo esplendor no período bizantino
, quando foram usados como pano de fundo de ícones e em parte da figura. Hoje em dia eles são utilizados para completar um inteira composição, em um sábio jogo de disposição e inclinação. Seu custo é elevado e por isso ele é usado moderadamente.

A descoberta dos esmaltes tem origem antiga e se situa entre a Mesopotâmia e o Egito. É com os gregos, entretanto, que se consolidou o uso de pastilhas de vidro para os emblemas, hábito que será usado e potencializado pelo romanos.


Desde o século XII até hoje, Veneza
se tornou uma grande produtora e exporta os esmaltes para mosaico para todo o mundo. A pasta de vidro é colorida e opaca. As suas principais qualidades consistem em não despedaçar ao corte e serem inalteráveis no tempo.

A pasta de vidro è composta de um vitrificante (70%), sob forma de areia finíssima (sílica) que funde a temperaturas muito altas. São então adicionados fundentes: óxidos com a função de abaixar o ponto de fusão. O fundente rende o vidro pouco resistente à umidade. Por esse motivo se insere um estabilizante.


Além dos elementos de base, são inseridos óxidos metálicos para colorir e tornar opaco o vidro e, por fim, substâncias afinantes fazer sair as bolhas que se formam durante a fusão.


Estas substâncias são levadas à fusão, depois disso se abaixa a temperatura a 900° C e se despeja o vidro em uma superfície metálica. Com uma prensa se comprime essa massa quente, modelando-se então as peças.



 
Esmaltes Dourados e Prateados 
São os esmaltes que tornam preciosas as composições, criando particulares zonas de luz ou compondo o inteiro mosaico. Neste caso, entretanto, os custos tornam-se elevados. Eles estão presentes no comércio em várias tonalidades e em diversas espessuras.

As pastilhas se obtém inserindo-se uma finíssima lâmina metálica entre dois vidros transparentes ou coloridos. O primeiro vidro, de fundo, tem uma espessura de 8 - 10 mm, o segundo, de cobertura, é muito fino, com uma espessura de 0,8 - 1 mm. As diversas tonalidades de ouro e de prata são obtidas colorindo de modos diversos o vidro de fundo e a cobertura.


Para obter os esmaltes dourados se usa a folha de ouro, enquanto para os esmaltes prateados se recorre a uma liga com o níquel, zinco, cobre, paládio. As finas lâminas são aplicadas umedecidas sobre uma lâmina de vidro. Os dois estratos são colocados no forno de fusão e recobertos de uma outra camada de vidro derretido (a cobertura).


As pastilhas de ouro e de prata são usadas também para grandes superfícies e para pavimentos; têm entretanto características diversas: a folha é ao centro dos dois vidros transparentes e incolores. A cobertura é mais espessa para proteger maiormente a folha.


 
Características dos Esmaltes

Forma: tradicionalmente as pastilhas são regulares, quadradas ou retangulares; em comércio se encontram pequenos cubos já modelados com lados medindo 1 cm. Encontram-se estes vidros sob a forma de lâminas, as quais se pode dar a forma que deseje, modelando-os facilmente com um alicate.

Cores: a gama cromática destas pastas de vidro é extremamente ampla, girando num número em torno a 5.000 cores. Os mestres vidraceiros venezianos, já no ano de 1300, haviam alcançado este vasto exemplar. A grande variedade de cores é um dos motivos fundamentais pelo qual estes esmaltes são preferidos às pedras naturais. Os esmaltes são opacos e não transparentes.


O trabalho conquista plasticidade seja através da linha do desenho que da escolha das cores. Existem outros detalhes técnicos próprios do mosaico: a
disposição* dessas pastilhas cria o andamento do mosaico. Se recomenda a disposição das pastilhas segundo o critério de suas próprias formas. Para se obter um bom resultado, se sugere a troca da profundidade das pastilhas de acordo com os traços dos contornos, fundo, etc.
A inclinação dessas pastilhas potencializa a diversa reflexão da luz. Inclinando uma mesma pastilha em modos diferentes, obtêm-se interessantes jogos de luz.


As Lâminas

O vidro é produzido também em lâminas finas, com espessores que variam de 5 a 2 mm. Se usam principalmente para realizar vitrais ligados por chumbo ou lâmpadas em estilo Tiffany*. São na maior parte transparentes, mas se encontram também peças translúcidas e opacas, ideais para a execução de mosaicos. As lâminas podem ser adquiridas em uma grande variedade de formatos, que mudam de acordo com quem as produz.

Geralmente são feitos de pequenas dimensões (50x70 cm aproximadamente) para os vidros preciosos e produzidos à mão e muito grandes (até 250x180 cm aproximadamente) para vidros coloridos industrializados.


Os vidros em lâminas utilizados pelos mosaicistas são principalmente de produção americana com dimensões médias (120x60 cm cerca). Os materiais são os mesmos usados para os esmaltes. O processo prevê um achatamento semi-mecânico ou manual do vidro derretido até alcançar a espessura desejada.
As lâminas de vidro se cortam com relativa facilidade usando os cortadores de vidro com a roda em aço temperado e as pinças.


As Ligas
 
As ligas têm por função unir as pastilhas entre elas e de fixá-las definitivamente ao suporte. Elas representam também um elemento de composição estética adicional em base ao espessor deixado entre as pastilhas (vãos intermediários) e à cor escolhida do rejunte.
Existe uma grande variedade de ligas: resinas naturais, betume, cal, gesso e ainda resinas sintéticas. Na escolha da liga, deve-se avaliar o local da colocação do mosaico; ou seja, se este se dará em um ambiente interno ou externo, para se considerar a resistência à exposição ao tempo aberto e o ataque dos agentes atmosféricos. 

1- O Cal
O cal é uma entre as ligas mais usadas para unir as pastilhas. Ele tem a propriedade de endurecer em contato com o ar e de se disfazer em contato com a água.

O cal é obtido de uma pedra calcárea, dita "pedra de cal" que é cozida a 900° C. Se elimina assim a composição carbônica que ele contém, transformando-o em cal vivo. Este último se apaga com a adição da água. De acordo com a quantidade de água se obtém uma pasta grossa ou um fino pó, o cal.
Cal Grosso
O seu uso é muito difundido, não apenas no mundo do mosaico, porque é muito maleável e por isso facilmente utilizável.
Gesso
Se encontra na forma de um pó muito fino de cor branca. Se obtém adicionando e misturando a 3 partes de cal vivo 1 parte de água.
Ligas do Cal.

2- Os Cimentos
São ligas que se formam em contato com a água. Elas se encontram normalmente sob a forma de pó acinzentado ou branco.

A sua composição é parecida com a do cal: contém calcáreo, mas com um percentual muito alto de argila.

O Cimento Portland, brevetado em 1800, pode ser aplicado em camadas muito finas, resiste à umidade e ao tempo. O único inconveniente é a presença nele de sais que criam com o tempo uma superfície esbranquiçada.

Os cimentos pozzolani têm esse nome devido à areia pozzolana, que é acrescentada o implasto. A pozzolana, presente na Itália, é de origem vulcânica e tem como propriedade diminuir a capacidade de liga do cimento e fixar os sais presentes na composição. Os cimentos são impermeáveis e apresentam boa resistência ao ataque das águas.
Ligas de Cimento
Areia: 1 kg
Cimento: 3 kg
Água: 1 l
Ligas de Cimento e Cal
Areia: 1 kg
Cimento: 2 kg
Cal: 1kg

O composto mais usado e mais fácil de se encontrar é:
Cimento - cola para pastilhas
Cimento: 10 kg
Água: 3 l
O cimento deve secar lentamente para obter uma boa consistência sólida. A sua verdadeira forma compacta se alcança apenas depois de algumas semanas.

3- As Resinas Sintéticas
O comércio oferece uma grande variedade de resinas com poder adesivo, cujo uso não se limita estritamente àquele ligado ao campo musivo.

São geralmente líquidas e, dependendo do tipo, se pode ainda adicionar a malta, o pó de areia ou de tijolo. Para ligar as pastilhas se adotam três qualidades de resina:
Resinas Acrílicas:
Podem ser usadas misturadas à areia, pó de mármore e de tijolo. São aconselhadas para ambientes internos por causa de sua limitada resistência.
 
Resinas Vinílicas:
Entre os mais difundidos está o acetato de polivinil, que é adicionado para ligar areia, pó de mármore e de tijolo. Pode-se colorí-lo com óxidos ou silicatos.
 
Resina Epossídicas:
São as mais usadas porque são muito resistentes; são por isso indicadas para ambientes externos. Como material ativo (em adição) se usa normalmente o pó de quartzo limpo. Não deve efetivamente conter materias orgânicos. Estas resinas se endurecem em contato com o calor.
 
4- Ligas de Cimento e Resina (para exterior)
Areia: 1 parte
Cimento: 2 partes
Resina: 0,5 partes em volume, em emulsão com água.

* A Imperatriz Teresa Cristina, mulher de D. Pedro II, enquanto cuidava de uma de suas filhas no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, denominado Jardim das Princesas, demonstrou um de seus dotes artísticos, o mosaico. Com conchas recolhidas nas praias do Rio de Janeiro, e com cacos das peças do serviço de chá da casa imperial, ela revestiu os bancos, tronos, fontes e paredes do Jardim das Princesas. Ela teria sido precursora da arte do mosaico no Brasil, fato pouquíssimo divulgado pelos historiadores e especialistas em artes. Isso ocorreu 50 anos antes do aparecimento de Antonio Gaudi e Josep Maria Jujol.

 Revestimento de fonte mostra a qualidade da obra da princesa Tereza Cristina.

Fontes:1, 2, 3

Um comentário:

  1. Fiquei encantada com tudo no seu blog, se me permite até coloquei nos meus favoritos nos links, é muito bom aprender e aqui aprende muito....Bjks...Gil

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