18 de dezembro de 2010

Guerra e Paz - Após 53 anos, os paineis do artista plástico Cândido Portinari voltam ao Brasil



Os paineis ‘Guerra e Paz’, de um dos mais famosos pintores brasileiros, Cândido Portinari, voltam ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A exposição será inaugurada na terça-feira, dia 21 de dezembro, às 19h, na presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do ministro da Cultura, Juca Ferreira. No mesmo teatro, a obra foi apresentada pela primeira vez aos brasileiros pelo então presidente Juscelino Kubitschek, em 24 de fevereiro de 1956.
Em razão do planejamento de uma grande reforma a ser realizada no edifício sede da Organização das Nações Unidas (ONU), entre 2010 e 2013, e após três anos de estudos, o presidente do Projeto Portinari, João Candido Portinari, filho do artista, solicitou àquela Organização a guarda dos paineis para restaurá-los e, em seguida, expô-los ao público. A restauração e a exposição itinerante contam com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) com o valor aprovado para captação de R$ 16,8 milhões, com cerca de 50% já captados.
Entre 1952 e 1956, Portinari realizou seus dois últimos e monumentais paineis, ‘Guerra e Paz’, medindo 140 m2 cada um, os quais foram oferecidos à ONU pelo governo brasileiro. Em meio ao trabalho, iniciado em 1951, Portinari enfrentou um drama pessoal. A tinta a óleo com derivados de chumbo, usada com tanta habilidade ao longo da carreira, causou-lhe uma severa intoxicação, a ponto de os médicos o proibirem de pintar. Com uma dose de teimosia e a ajuda dos assistentes Enrico Bianco e Rosalia Leão, ignorou a recomendação. Ele morreria em consequência desse envenenamento progressivo, em 1962, aos 58 anos.

Programação em 21 de dezembro
Na inauguração, será exibido um filme, dirigido por Carla Camurati, apresentando Cândido Portinari, sua obra, e o histórico dos paineis. Ao longo do evento, haverá uma projeção multimídia destacando os estudos preparatórios criados por Portinari no período 1952-1955 para ‘Guerra e Paz’, filmes e fotografias de época.
Toda a programação será conduzida pela atriz Fernanda Montenegro, que falará sobre a vida de Portinari e lerá trechos de poemas e pensamentos de Portinari, além de poemas e textos de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Dinah Silveira de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, e texto do escritor português José Cardoso Pires, entre outros.
O músico Milton Nascimento vai apresentar duas canções, composições inéditas suas, sobre o tema de Guerra e Paz.  Dá continuidade o Duo Portinari criado pelo renomado coreógrafo norte-americano David Parsons em homenagem aos painéis de Portinari, apresentado pela Primeira Bailarina do Theatro Municipal, Ana Botafogo, e o bailarino Alex Neoral, tendo como trilha sonora a composição Adágio para Cordas, de Samuel Barber (provavelmente apresentada pela OSB).
O presidente Lula da Silva dará início à revelação dos paineis acompanhado pela Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência do maestro Roberto Minczuk, que apresentará dois movimentos do concerto Requiem de Guerra, composto por Benjamin Britten, e a Nona Sinfonia, de Beethoven.

Itinerância – de julho a setembro de 2011
Terra natal de Portinari, São Paulo é cidade obrigatória na itinerância de ‘Guerra e Paz’. A possibilidade de expô-la na Oca traz a oportunidade única ao visitante de ver os gigantescos paineis em diferentes níveis de altura, a partir das rampas de acesso. Compõem a exposição cerca de cem estudos de Portinari para os paineis Guerra e Paz, módulos sobre Candido Portinari (obra, vida e época) e sobre o Projeto Portinari, além de um amplo Programa Educativo direcionadas a estudantes de escolas públicas e privadas.  No cronograma também está previsto:
  • 2011 nov/dez – Grand Palais, Paris;
  • 2012 mar/mai – Museu da Paz em Hiroshima, Japão;
  • 2012 nov/dez – Auditório Municipal, Oslo;
  • Os paineis ficarão ainda expostos durante a entrega do Prêmio Nobel da Paz;
  • 2013  – Museu de Arte Moderna – MOMA, Nova York.
Informações: (61) 2024-2407 ou 2401, na Comunicação Social/MinC.


Curiosidades: 



A execução dos painéis começou no Rio de Janeiro, em março de 1955, em galpão da TV Tupi cedido a Portinari por Assis Chateaubriand. Segundo Enrico Bianco, as condições de trabalho eram precárias. 



 Na sua execução, trabalham ajudando Portinari Rosinha Leão e Enrico Bianco, dois discípulos e amigos do artista. Em 5 de janeiro de 1956 os painéis são entregues ao Ministro das Relações Exteriores, José Eugênio de Macedo Soares.


 Antes de embarcar para Nova York, os painéis são expostos no Teatro Municipal. A inauguração foi feita pelo Presidente Juscelino Kubischeck. 

Uma vez em Nova York, os painéis ficaram guardados por um ano e seis meses por divergência a respeito de onde seriam definitivamente montados.
Foram gastos US$ 20.000,00 para sua instalação no hall dos Delegados da Assembleia Geral.


Os painéis foram inaugurados em 6 de setembro de 1957, sem a presença de Portinari. Estavam presentes entre os brasileiros o Embaixador Cyro de Freitas Valle, o chefe da Comissão de Organismos Internacionais, Jayme de Barros e sua mulher Marina de Barros, a Consul do Brasil, em Nova York, Dora Vasconcellos e a própria Rosinha Leão.

Fonte: 
Ministério da Cultura 
Projeto Portinari

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