26 de março de 2010

Aniversário da Capital



Como a cidade avança no tempo


Olhar o passado descortina uma cidade. A exposição Porto Alegre Há 50 Anos, em cartaz no Memorial do Rio Grande do Sul com imagens captadas pelo fotógrafo José Abraham (1921-1997), é um olhar muito particular sobre o que a Capital foi e ajuda a entender o crescimento recente da metrópole que completa 238 anos hoje.

 Usina do Gasômetro

Para elucidar parte desta evolução, o fotógrafo Arivaldo Chaves refez alguns passos do Espanhol, como Abraham era conhecido. Fotografou os mesmos ângulos retidos há aproximadamente 50 anos para compará-los com a atualidade. Constatou que nada deteve o ritmo de crescimento de uma cidade que avançou sobre o rio, abriu vias e ergueu prédios e lugares que abrigam paixões dos gaúchos.

A exposição pode ser vista até o dia 16 de abril.


 Altos da Duque - o início de um prédio

 Altos da Duque - o perfil da metrópole

Centro Administrativo - edifício em plena construção

 Centro Administrativo - ponto turístico da capital

 Laçador - estátua próxima à ferroviária

 Guaíba - capital avança sobre as águas

 Aeroporto - início do Salgado Filho

 Beira-Rio - nos anos 60, às margens do rio

 Olímpico - nos anos 50, periferia da cidade

 UFRGS - a faculdade com poucas mudanças



O "Velho" Espanhol
O velho Espanhol era um dos melhores fotógrafos da imprensa gaúcha quando eu estava começando na profissão de fotojornalista em 1969. Quem estava começando, também naquela época, era o Espanholzinho, filho dele. Nós, jovens com aspiração de nos tornar fotógrafos profissionais, trabalhávamos para um também jovem jornal, Zero Hora.

O “velho” trabalhava na tradicional e quase centenária empresa Caldas Júnior. Era repórter fotográfico consagrado, classificou-se mais de 20 vezes no Premio ARI de Jornalismo e tinha até um Prêmio Esso. O velho espanhol tinha fama de não ter se acomodado com a chegada da idade, mesmo veterano, era inquieto, inconformado.

Talvez essa rebeldia tenha sido a responsável por ele ter abandonado a sua Barcelona natal, já casado com Dona Maria, e com um filho de um ano, e se mandado para uma cidade do sul do Brasil chamada Porto Alegre. Aqui ele ancorou definitivamente até a sua morte em dezembro de 1997. Trabalhou por 35 anos no Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais, além de sua militância, de toda uma vida, na imprensa diária.

Nasceu em 1921, ficou órfão muito cedo e foi criado num convento. Com 17 anos, ajudou no combate ao ditador Franco e acabou deixando para trás a Espanha empobrecida do pós-guerra. José Abraham Diaz tinha a coragem e a astúcia de um toureiro além da resistência consolidada nas fileiras republicanas.

Na capital gaúcha sua arma era, primeiro a Roleiflex, e depois a velha e boa Nikon F. Crítico, acompanhou com interesse as mudanças políticas, sociais e geográficas da paisagem local. Testemunhou e registrou seu testemunho nos grandes negativos 6x6 cm ou nos pequenos de 35mm. Deixou um legado importante não só em imagens, que poderiam se perder no tempo. Conseguiu despertar no filho o respeito pela fotografia e o que ela pode representar na preservação da memória. A exposição que está no Memorial, com a curadoria do Espanholzinho, Alfonso Abraham, mostra, além de uma Porto Alegre diferente da atual, o justificado orgulho do filho pelo trabalho e pela vida do pai. Bonito isso.
Fonte: www.zerohora.com.br

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