11 de abril de 2010

História do Bordado

Ao contrário de outros artesanatos têxteis, o bordado teve desde suas origens uma função essencialmente estética e não utilitária, e por isso se tornou um campo muito atraente para a arte popular.

Bordado é a arte de ornamentar os tecidos com fios diferentes, formando desenhos. Esse trabalho executa-se à mão ou à máquina, com agulhas de várias grossuras e feitios, inclusive as de gancho ou crochê. Os fios empregados para bordar podem ser os mais variados: de algodão, seda, linho, ráfia, ouro e prata, e ainda de fibra sintética, náilon, acrílico e celofane. O bordado, além dos fios, complementa-se com outros elementos que vão de materiais preciosos, como ouro, prata, pérolas, pedras preciosas, lantejoulas e canutilhos, até os mais rústicos, como sementes, conchinhas, palha, contas de vidro ou de madeira etc. O bordado pode ser plano ou em relevo, que por vezes o torna semelhante a uma escultura. 

Presume-se que o bordado seja uma das artes aplicadas mais antigas, que deve ter surgido logo após a descoberta da agulha. Por serem executados em material perecível, o tecido, os mais antigos bordados não se conservaram. Para estudá-los é preciso recorrer à documentação fornecida por monumentos antigos, em cujos baixos-relevos, esculturas, pinturas e gravuras são representados.


Nas civilizações antigas que se desenvolveram nas margens do Eufrates, a arte do bordado foi muito cultivada. Nos monumentos da Grécia antiga, aparecem figuras com túnicas bordadas. Os hebreus também usavam bordados, cuja invenção atribuíram a Noema. Em várias passagens da Bíblia há referência à arte de bordar. Homero fala dos bordados de Helena e Andrômaca, nos quais essas princesas documentaram episódios da guerra de Tróia. Os romanos pouco utilizaram o bordado até a formação do império, mas, a partir de então, essa arte generalizou-se.

Foi a partir do século VII, porém, que o interesse pelo bordado se tornou sistemático no Ocidente. Nos séculos seguintes, sua prática intensificou-se, a ponto de abadias e mosteiros se transformarem em verdadeiras oficinas de artesanato. As rainhas e suas damas também se dedicavam ao bordado. Em breve apareceram armas, brasões, escudos e pendões bordados a cores e em ouro e prata. No século XVI, difundiu-se o costume de bordar cenas semelhantes a pinturas, reproduzindo temas religiosos, históricos etc.

A Itália era, então, o centro de todas as artes. Os bordados italianos serviam de modelo para toda a Europa. O bordado, que até então era plano ou em relevo, tornou-se recortado e rendado, dando origem às rendas. Na Renascença, o bordado assumiu a condição de artesanato puramente decorativo. Já então não se limitava a ornamentar as vestes religiosas e civis: seu uso estendeu-se à decoração de interiores, em tapeçaria, estofos para móveis, reposteiros etc. No século XVII, começaram-se a bordar as toalhas de mesa e no século XVIII as roupas íntimas, aparecendo assim o bordado a branco.
Em 1821, um operário francês inventou a primeira máquina de bordar. Com seu aperfeiçoamento e sua multiplicação, o século XIX conheceu o declínio do bordado até o surgimento, já no final do século, de movimentos como o "Arts and Crafts" ("Artes e Ofícios") de William Morris, que o revitalizaram.

*Arts & Crafts (do inglês artes e ofícios, embora seja mais comum manter a expressão original) foi um movimento estético surgido na Inglaterra, na segunda metade do século XIX. Defendia o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa e pregava o fim da distinção entre o artesão e o artista. Fez frente aos avanços da indústria e pretendia imprimir em móveis e objetos o traço do artesão-artista, que mais tarde seria conhecido como designer.

No século XX, apesar de ser possível a reprodução mecânica de todos os tipos de bordado, certos gêneros caíram em desuso e ocorreu um fenômeno de revalorização dos bordados manuais, a branco ou de aplicações complementares, que se tornaram símbolos de alto nível social. Até a década de 1950, inclusive, era costume o uso de peças bordadas em branco sobre branco: lençóis, toalhas de mesa e lenços. O bordado da ilha da Madeira, executado em fio azul bem claro sobre tecido branco, fazia parte do enxoval dos bebês.
Os luxuosos modelos dos vestidos de noite, copiados da alta costura, em geral eram bordados com aplicações de strass, lantejoulas, canutilhos, pérolas, fios dourados e prateados, com ornamentos e tecidos não contrastantes. Também os trajes de espetáculos musicais obedeciam a esse padrão, com variações mecanizadas e bem coloridas. A tendência à reciclagem estilística da moda fez com que os vestidos de noite bordados com aplicações voltassem.

O bordado de cor, manual, tradicionalmente se fez representar nos trabalhos folclóricos em todo o mundo, bastante valorizados. Nas fantasias dos desfiles de carnaval brasileiros, também são muito usados os bordados de todos os tipos. Os tapetes artesanais permaneceram muito bem cotados e difundidos, entre os quais o tipo Arraiolo





 Artesãs de Arraiolo - Minas Gerais

*O ponto que chamamos de Arraiolo foi conhecido em alguns países com os nomes de Ponto cruz oblíquo, Ponto de cruz curto e comprido, ou Ponto de trança eslavo. Sabe-se que alguns dos antigos povos eslavos praticaram este ponto e sabe-se que, nos bordados Hispano-Árabes não pode deixar de ser considerada uma tradição bizantina. Isto leva-nos a poder admitir que o nosso Ponto de Arraiolos tem fluência nos bordados marroquinos e foi divulgado pelos mouros em Espanha e Portugal.

Quanto à tapeçaria de parede, alguns artistas plásticos brasileiros como Genaro (Genaro Antônio Dantas de Carvalho) ficaram famosos elevando-a à categoria de obra de arte. Destacam-se, também, as tapeçarias de Madeleine Colaço, que inventou o ponto brasileiro, e Concessa Colaço.


 Foto de Madelaine em 1980




 Madelaine Colaço - a tapeceira dos trópicos

O bordado a máquina conservou algum prestígio no gênero branco e no ornamento de tom idêntico ao do tecido, empregado em pequenos detalhes e em arremates muito estreitos de vestidos e blusas. Mesmo depois de industrializado, o bordado inglês permaneceu em uso, periodicamente reciclado pela moda, nos trajes femininos e infantis, e no adorno de fronhas e lençóis finos. O bordado de cor, mecanizado ou artesanal, simples e em diversas modalidades, desvalorizou-se muito (com exceção das peças folclóricas), embora ainda seja bastante usado, geralmente em tons claros, em roupas de crianças pequenas. O recamo de cor, mecanizado ou manual, atravessou o século, desde a criação dos tailleurs Chanel, sempre copiados.

A partir da década de 1970, o uso de materiais alternativos, pesquisas de novas fibras para tecidos e tendências extravagantes ou ecológicas da moda fizeram com que, periodicamente, surgissem peças de vestuário feminino em tecido ou tricô bordados com aplicações de conchinhas, miçangas, sementes, plaquinhas de metal etc. Tais fenômenos atestam a vitalidade e a capacidade de renovação da arte de bordar no século XX.


Tipos e materiais. 

Podem-se distinguir três tipos de bordado: o bordado a branco, o bordado de cor, que inclui os trabalhos de ouro e prata, e o bordado sobre tela, que inclui a tapeçaria, executado a agulha com lãs ou sedas.
Assim chamado porque se executa sobre toda espécie de tecido branco, com linhas de algodão, linho ou torçal da mesma cor do fundo, o bordado a branco também abrange o mesmo gênero de trabalho feito com cores delicadas, tom sobre tom. Os pontos mais empregados no bordado a branco são os do bordado de passagem, que se faz executando os contornos e as nervuras do desenho com pontos chamados de passagem, e depois preenchendo-os com esses mesmos pontos.
A essa variedade pertence o bordado recortado ou festão, que consiste em bordar e recortar o tecido, sem que desfie, seguindo os contornos de um desenho denteado. As variações desse tipo de bordado são o ponto veneziano, o ponto renascença e o ponto Richelieu. O bordado a cheio, ou ponto real, se faz sobre tecidos leves, como a cambraia, a opala, a batista e a musselina, por meio de um ponto horizontal que abraça o tecido tanto embaixo quanto em cima. O bordado inglês mistura o bordado de recorte e o cheio. O bordado de renda executa-se puxando fios de um tecido leve ou com aplicações mais ou menos complicadas. É um tipo de trabalho que tem antiga tradição em Portugal e no norte do Brasil, onde é chamado crivo.

Consiste o bordado de cor no uso de fios tintos em todas as cores e tons, e de fios de ouro e prata; já foi empregado pelos povos orientais. Os principais bordados de cor são o bordado de aplicação ou em relevo, o bordado mosaico, o recamo, o bordado de transporte e a guipure. O bordado de aplicação ou em relevo é aquele cujos ornamentos sobressaem, ganham relevo, graças à colocação, por baixo dos pontos, de algodão, feltro, cartão ou pergaminho, que os sustêm. No bordado mosaico, reúnem-se pedaços de tecido de diversas cores.
O bordado de transporte se executa trabalhando as partes do desenho em separado, para depois colocá-las sobre o tecido-base. O recamo é obtido cosendo-se no tecido-base galões, cordões e passamanaria, por meio de pontos bem juntos. Na guipure, uma série de bordados de aplicação se misturam, incluindo-se, em geral, entre seus elementos ouro, prata e pedras preciosas. Os paramentos litúrgicos quase sempre são bordados nesse tipo.
Pertencem também a essa categoria o bordado a matiz, conhecido como pintura a agulha, pois os fios estão dispostos de modo a imitar o mais possível a coloração natural dos objetos; o bordado de cadeia, gênero antigo e muito empregado no Oriente, que se fazia com os dedos e agulhas de coser e, com o surgimento do tambor, passou a ser executado com agulhas de crochê; e o ponto de nós, que se produz com uma seqüência de nós simples, cegos, ou corrediços, que formam uma roseta.
No bordado árabe, o ouro, a prata e as pérolas reúnem-se com fios de cor, ora sobre tecidos transparentes, gazes ou musselinas, ora sobre tecidos espessos e até couro, para aí desenhar modelos da maior fantasia. As letras árabes entrelaçadas, ou arabescos, dão a esse bordado seu cunho particular. O bordado chinês e o japonês usam uma variedade enorme de tonalidades de fios, o que lhes confere efeitos de luz e de cores de grande beleza.

O bordado sobre tela ou talagarça executa-se sobre um tecido de trama frouxa, que serve de guia para contar os pontos; uma vez pronto o trabalho, a tela é desfiada, deixando sobre o tecido-base apenas o bordado. A tapeçaria também emprega os pontos contados sobre um fundo de tela que permanece. Tem esse nome porque o resultado final do trabalho aparenta a tapeçaria tecida no tear. Pode ser feita com lãs, sedas ou fios metálicos.

Veja a apresentação de imagens de bordados da Ilha da Madeira*.














História dos Bordados da Madeira
A manufatura do bordado da Ilha Madeira conta com 150 anos de história. O bordado da Madeira tornou-se  mundialmente conhecido e reconhecido pela qualidade, riqueza e delicadeza. Entretanto, não se pode dizer que se conheça a história do bordado da Madeira. Existe uma carência de pesquisa documental sobre este artesanato que ao longo do último século e meio tem conferido ao nome dessa Ilha o caráter de uma marca respeitável no mercado internacional dos têxteis.
O bordado da Ilha da Madeira está no mercado há 150 anos. As poucas referências bibliográficas sobre bordado da Madeira que encontramos sempre se referem a nobreza desse bordado e como este há um século e meio ocupa os palácios, os castelos e as casas mais finas da Europa, da América e dos outros continentes mundo afora. Entretanto, não sabemos exatamente que palácios são esses, que nobres compraram esses itens, mantendo-os em seus acervos, e não sabemos que museus do mundo contam com exemplares dessa arte.      
A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pelas fidalgas, como necessidade de decoração das roupas do lar bem como do vestuário, e ainda por influência dos trabalhos conventuais.
O bordado faz parte da cultura e da história da Madeira (Portugal) e foi originalmente introduzido pela família inglesa Phelps que se instalou na ilha em 1784. Tudo começou com a filha mais velha de Joseph Phelps, Elizabeth, que em 1854 fundou uma escola em sua casa e, seguindo desenhos originais seus, ensinou crianças e mulheres a bordar. Estes bordados inicialmente eram vendidos de forma privada a amigos da família e só mais tarde se expandiu a venda a turistas. Tornaram-se populares e muito procurados na Ilha da Madeira na sequência de uma exposição no Funchal e mais tarde venceram vários prémios no International World Trade Exhibition em Londres.
O interesse britânico por esta exposição foi tão grande que a Madeira recebe um convite para estar em Londres na Exposição Universal, que decorre no ano seguinte em 1851. Esta participação revelou-se um grande sucesso onde as peças apresentadas foram elogiadas pela sua pureza e perfeição artística.

Em 1860 o bordado era já uma indústria bem estabelecida. Estimava-se que havia cerca de 70.000 bordadeiras nessa altura na Madeira.
Até meados do séc. XIX não existem referências à venda ou exportação de Bordado Madeira. O ano de 1850 é um marco para uma nova fase do Bordado Madeira, data em que este produto ganha um cariz comercial. Neste ano foi organizada uma exposição das indústrias madeirenses, realizada no Palácio de S. Lourenço, onde se tornou evidente o potencial económico do produto.
 
Durante o Séc. XIX as principais exportações destinam-se a Inglaterra e Alemanha. No século XX exporta-se Bordado Madeira para todo o mundo. Itália, Estados Unidos, América do Sul e a Austrália tornam-se mercados importantes. França, Singapura, Holanda, Brasil e outros países contribuíram também para a expansão do comércio e da notoriedade do Bordado Madeira. Atualmente os maiores mercados de exportação são EUA, Itália e Inglaterra.

Os tecidos usados na indústria do bordado são linho, seda, algodão e organdi. Destes são feitas toalhas de mesa, vestidos, camisas, lençóis e delicados lenços.

As fábricas de Bordado Madeira localizam-se no Funchal mas tradicionalmente as bordadeiras fazem o trabalho de bordar em casa, um pouco por toda a ilha.
As fábricas fornecem às bordadeiras o material e depois de bordado recebem-no de volta, terminando o processo de produção para depois vender e exportar para todo o mundo.

Os desenhos usam padrões tradicionais e modernos que são ligeiramente impressos directamente no tecido como guia. Depois o tecido impresso é distribuído às bordadeiras em conjunto com as coloridas linhas de bordar por toda a ilha da Madeira e do Porto Santo. Na fase final, após ter sido bordado, o pano é devolvido à fábrica onde é verificado, cortado, lavado e prensado, e finalmente verificado de novo e é nessa altura que recebe o selo que garante a sua qualidade e perfeição. Só então é que está pronto para ser vendido ou exportado. O bordado Madeira tem ganho muitos prêmios, sendo o mais recente galardão a edição 2008 do New York Home Textile.

Hoje em dia o mais fino e delicado Bordado Madeira é um souvenir muito procurado pelos turistas que visitam a ilha, que muito admiram a sua beleza e perfeição; um tesouro para durar várias gerações.
Reconhecidas internacionalmente, as peças de Bordado Madeira têm uma história e tradição ligadas ao segmento de luxo e muitas foram e são as mesas da aristocracia européia cobertas com peças de Bordado Madeira. 


Técnica dos Bordados da Ilha da Madeira 
Atualmente o desenho é criado por um desenhador criador de bordados ou adaptado por um técnico desenhista; depois é colocada uma chapa sobre o original e são picotados os desenhos com uma máquina própria de picotagem.
Com a chapa sobre o tecido a bordar, usa – se uma pasta à base de parafina, azul e petróleo e estampa-se no pano. O pano é então passado à bordadeira, que executa a arte final (bordado). As peças bordadas, de seguida são lavadas e passadas a ferro. Os recortes são feitos de seguida nos trabalhos que englobam motivos abertos. Depois a peça é engomada, dobrada e, por fim, embalada.

Os pontos mais utilizados nos bordados da Madeira são: caseado, cavaca, richelieu, arrendados, oficial, bastidor, cordão, pé de flor, francês, de sombra e o ponto de remendo. Como derivados existem o ilhó e a folha aberta.
O ponto caseado difere do “cordão” pelo nó produzido no cruzamento da linha de forma a assegurar a área de recorte; o ponto cavaca é de figura geométrica circularexecutada em “ponto cordão” com aberturas recortadas; o richelieu consta do “ponto caseado” quando utilizado nos contornos de motivos para recorte sobre tecidos de textura pesada; os pontos arrendados “Ana”, “Crivo”, e “Escada” são pontos executados mediante a contagem e retirada de fios no tecido tanto na vertical como na horizontal e enlaçados com linha de acordo com a respectiva espécie. O ponto oficial é o “ponto cordão” quando utilizado nos contornos de motivos para recorte sobre tecidos de textura leve; o ponto bastido é um ponto utilizado nos contornos de desenho cuja configuração exige determinado relevo; o ponto de cordão é o ponto utilizado nos contornos de desenho cuja configuração não obriga a recorte, quando sugere “caules” toma o nome de “pau”; o ponto pé de flor ou de corda para ser perfeito necessita de uma grande regularidade na dimensão dos pontos simples e que a distância entre a entrada e a saída da agulha seja sensivelmente igual; o ponto francês é utilizado para contornar e prender aplicações de outro tecido, necessita de execução cuidadosa para se obter o melhor efeito; o ponto de sombra só é utilizado nos tecidos transparentes – cambraias e casas o que implica muita delicadeza na realização do trabalho. Toda a linha é aplicada com efeito decorativo pelo que os pontos do direito contornam a figura enquanto os do avesso se destinam a sombrear a respectiva área; é necessário que a linha do reverso cubra o melhor possível a área da figura desenhada; finalmente o ponto de remendo é quase um ponto de costura e é muito utilizado para prender aplicações de outros tecidos.
A criação de bordados, contagem técnica dos pontos, estampagem, colorido, registo é feito na fábrica de bordados. Há um “agente” da fábrica que se responsabiliza pela distribuição dos bordados às bordadeiras, especialmente na zona rural. A bordadeira executa este trabalho domesticamente e volta à fábrica para pagamento e acabamentos. Nas fábricas existem empregados e operárias. São estas operárias que preparam a estampagem e os acabamentos. O sistema de comercialização principal é pelo “mostruário” das peças executadas, ou pela sugestão dos “clientes”.

Os preços da mão-de-obra são feitos a partir de “contagem” do desenho, a saber: todas as espécies de pontos usados nessas peças têm uma base calculada por unidade ou por metro.
Por exemplo, por cada “pétala” bordada entre um tamanho mínimo e o máximo desenhado, é contado um “ponto industrial”.
Acima da área máxima para um ponto ajusta-se a percentagem.
Um metro de “caseado liso” conta 60 “pontos industriais”, e assim outros têm cálculos compatíveis.
Uma vez tomadas as quantidades dos “pontos industriais”, estes são multiplicados por uma base legal e acha-se o preço a ser pago pela peça. Note-se que os “pontos industriais” nada têm a ver com os pontos que a bordadeira dá.
Os bordados clássicos são ainda desenhados em papel vegetal, picotado numa chapa sobreposta ao original e estampados com pasta azul.
Os bordados modernos são preparados pelo mesmo processo dos clássicos, mas o tipo de desenho é mais simples, permitindo os coloridos.

Tanto o bordado antigo como o bordado clássico, se forem genuínos, não comportam colorido. Devem ser brancos tanto o pano como a linha que o borda.
No bordado clássico usam-se linhos brancos ou crus para os brancos, o bordado deve ser em linha branca ou azulada. Nos bordados sobre linho cru, a linha deve ser de uma só cor que vai desde o bege ao tom do pano e deste ao castanho-escuro.
A beleza do desenho salienta-se pelo recorte das partes abertas dos motivos, ficando os bordados apenas como contorno ou motivo de composição. O desenho clássico não é descritivo. Ele sugere no pano a ideia artística.
No entanto, por evolução e gostos comerciais, passou a descrever-se motivos e a usar-se nesses desenhos várias cores. Usam-se cores garridas nessa tentativa e como esse tipo de desenho é quase barroco, no todo faz efeitos agradáveis.
Quem pesquisar com cuidado o desenho clássico genuíno entenderá facilmente que este só permite uma cor.
Os trabalhos modernos são feitos de organdi, cambraias e tecidos leves, ou muitas vezes com aplicações, que são decorrências do meio bordador e de influência de mercados. Usam-se cores “pastel”, delicadas e harmonizadas. Não podemos classificar este tipo de bordado como um verdadeiro Bordado da Madeira, mas aceita-se o fato de ser Bordado da Madeira.
Desde 1938 é obrigatório que o bordado para venda disponha de um selo de garantia, por isso, quando comprar bordados da Madeira, procure o selo de garantia.


História do Ponto Cruz
 
Os registros históricos do ponto cruz coincidem na Pré-história. No tempo em que os homens moravam em cavernas, o ponto cruz servia para costurar as vestimentas, feitas de pele de animal. Usavam agulha de osso e no lugar de linhas, tripas de animais ou fibras vegetais. Fragmentos de linho datados de 5000 a.C. retirados de túmulos egípcios em escavações arqueológicas revelaram que o ponto cruz era usado para cerzir peças de tecido. Na antiguidade, os romanos descreviam o bordado como “a pintura de uma agulha”, mas foram os babilônicos que batizaram esta técnica.





Existem controvérsias sobre a origem do ponto cruz, da forma como é utilizada hoje. A quem acredite que ela tenha surgido na China e espalhou-se pela Europa, Ásia e Estados Unidos, principalmente na Inglaterra, onde foram encontrados os primeiros trabalhos, em 1598. Naquele tempo, o ponto cruz era para as mulheres a única escola que lhes permitiu aprender junto à técnica dessa delicada arte: letras do alfabeto, borboletas, flores, casas, bordas floridas e as famosas amostras (samplers – na língua Inglesa). Nos motivos, apareciam a assinatura de quem realizava o trabalho, a data e às vezes a idade da bordadeira.

Desde a Idade Média até os dias atuais o prestígio do ponto cruz nunca diminuiu. Os motivos ganharam novas inspirações e muita vitalidade, levando os trabalhos às possibilidades de enriquecer a decoração, dar ares a criatividade e também valorizar a habilidade manual. A técnica para fazer o ponto cruz é simples e proporciona uma atividade relaxante, que não sobrecarrega a mente. Enquanto trabalhamos com o ponto cruz podemos ouvir música, conversar, etc. É possível interromper um trabalho e retorná-lo após meses, com o mesmo prazer de antes.
Ponto cruz é um trabalho fácil e que requer pouca habilidade com agulha e linha para aprender. Pode-se usar qualquer livro de ponto cruz (nacional ou importado). Os gráficos que auxiliam na execução do trabalho possuem um símbolo para cada cor de linha. É necessário que se tenha à mão, linha, agulha e tecido de trama simétrica. Recomenda-se iniciar por um projeto pequeno.

Os pontos:

Ponto Cruz com avesso perfeito
Ponto de anel
Ponto de arraiolos
Ponto de caminho
Ponto de canastra
Ponto de cercado
Ponto de damas
Ponto de diamante
Ponto de esmirna
Ponto de estrela aberta
Ponto de estrela fechada
Ponto de indiano
Ponto de mureta
Ponto de roseta
Ponto de serpentina
Ponto de xadrez

Fostes: 1, 2, 3, 4

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