24 de abril de 2010

Anamorfose

Anamorfose  -  Grego: anamorphosis, Francês: anamorphose. A anamorfose é uma imagem que aparece deformada se é vista da maneira habitual, ficando às vezes indecifrável. Todavia, em certos casos, quando o observador se posta em uma posição oblíqua, consegue enxergar a imagem como ela seria vista de frente, naturalmente. A designação oblíqua: porque é muito diferente do olhar com que costumamos ver um objeto, ou uma paisagem.
Em certos casos, se utilizarmos um processo, digamos, nao convencional, ela surgirá sem deformações. A imagem aparece como algo monstruoso, porém assume a forma natural quando vista refletida em um espelho que a distorce (geralmente espelhos cilíndricos, piramidais ou cônicos). Também se usam lentes especiais. Nestas circunstâncias, surge algumas vezes a qualificação de imagens catóptricas (ou seja, que são objeto de análise em um ramo da física que estuda as luzes refletidas).
Na história da pintura ocidental é mencionado um caso típico e célebre de anamorfose, o quadro Os embaixadores, do alemão Hans Holbein (1497-1543), pertencente à National Gallery, de Londres. Na parte de baixo da obra surge uma forma oblonga estranha. Quando observada do lado direito e bem perto do plano da tela, descobre-se que é uma caveira humana. Isto pode ser comprovado no monitor do computador: o observador deve fechar o olho esquerdo; colocar seu olho direito muito perto da meia altura da imagem e uns 10 cm à direita, para ver claramente a caveira. O simbolismo, tanto da anamorfose, como da caveira, permanecem obscuros.
A utilização moderna mais comum da anamorfose se relaciona com as sinalizações nas estradas, por exemplo, com as setas desenhadas na pista, indicando sentido obrigatório ou impondo limites de velocidade.
A anamorfose é diferente do trompe l’oeil. Esta expressão francesa designa uma técnica que sugere a tridimensionalidade, “enganando o olho”. Até aqui coincide com o objetivo da anamorfose. Porém, nesta última, o observador está perante algo que não tem sentido quando observado de maneira convencional. Ao passo que no trompe l”oeil, o olhar (habitual) é levado a ver uma realidade inventada pelo artista, parecendo que ela realmente assim existe.
A pintura perspectivista utilizou frequentemente esta técnica, sobretudo a partir do Renascimento
Entre exemplos “moderados” de anamorfose: As Infantas, de Diego Velásquez (1599-1660) no Museu do Prado, em Madri; A Ronda da Noite, de Rembrandt (1606-69) no Museu de Amsterdã, parecem ainda mais reais quando observadas através de um espelho.


Hans Holbein, Os Embaixadores, 1533
Óleo s/madeira, 207x209cm
Nacional Gallery, Londres, EUA



As Infantas, de Diego Velásquez (1599-1660)
Museu do Prado, Madri

A Ronda da Noite, de Rembrandt (1606-69)
Museu de Amsterdã

Um comentário:

  1. Original y muy interesante este post. Es verdad que se pueden hacer verdaderas deformaciones en las obras de arte. Un cordial saludo.

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