O          Gaúcho não é unicamente o indivíduo natural          do Estado do Rio Grande do Sul. O Gaúcho é o homem cavaleiro          das Américas, que recebe na Argentina e no Uruguai o nome de Gaucho,           no Brasil de Gaúcho, no Chile de Guaso,           na Venezuela de Ilanero e no México de Charroe. O Gaúcho é          o vaqueiro, é o homem ligado ao campo e ao gado é o homem          que existe para enfrentar a intempérie, o vento, a chuva, o  trovão          e tomar conta dos animais. Ele que inicialmente era simplesmente  um caçador,          tornou-se um verdadeiro protetor da ecologia. Para o Gaúcho, a          única forma de viver é no campo e ao ar livre, no lombo          do cavalo.
O gaúcho, originalmente chamado de vago ou gaudério,          surgiu nas fronteiras da Argentina com o Uruguai e com o extremo  sul do          Brasil. Produto da miscigenação indígena com luso-brasileiros          e espanhóis, vivia da criação de gado. Suas roupas          eram funcionais, reflexos de uma origem nômade. 
A população citadina acompanhava a moda          européia, mas ao gaúcho tais variantes não faziam          a menor diferença. Só importava que as roupas fossem  confortáveis          e funcionais. No final do século XIX, este peão resolve          abandonar a vida nômade e se estabiliza no Rio Grande do Sul,  acabando          por enriquecer a sua indumentária.
 
Traje do peão 
 Chiripá  farroupilha -              Pano inteiro passado por entre as pernas,  atado na cintura,   primeiro de trás para frente e após, da frente para  trás. Tecido de lã  ou então  liso em tear ou sem listras somente nas  laterais (barrados), ambos admitem  franjas. Comprimento tomado pelo  fundilho, na altura da  metade da canela, cujo  comprimento não passa da altura do  joelho para facilitar o movimento.
  Chiripá  farroupilha -              Pano inteiro passado por entre as pernas,  atado na cintura,   primeiro de trás para frente e após, da frente para  trás. Tecido de lã  ou então  liso em tear ou sem listras somente nas  laterais (barrados), ambos admitem  franjas. Comprimento tomado pelo  fundilho, na altura da  metade da canela, cujo  comprimento não passa da altura do  joelho para facilitar o movimento.
 Camisa               -                Tecido algodão ou  linho. Padrão liso, com gola ampla ou de   padre (corte da época) com  mangas longas, sem cava e punho estreito  amarrado  com cadarços ou  ajustado com botão, fechada na frente, estando  aberta até a  altura do  peito, fechada por cadarços ou botões e sem  rendas.
 Camisa               -                Tecido algodão ou  linho. Padrão liso, com gola ampla ou de   padre (corte da época) com  mangas longas, sem cava e punho estreito  amarrado  com cadarços ou  ajustado com botão, fechada na frente, estando  aberta até a  altura do  peito, fechada por cadarços ou botões e sem  rendas. 
 Colete ou  jaleco                 -                Tecido  encorpado com uma  só  ordem de  botões, sem ou com gola pequena, de um só tecido e cor  (sóbria),   abotoado na frente com uma única carreira de botões, sem  fivela de  ajuste.
 Colete ou  jaleco                 -                Tecido  encorpado com uma  só  ordem de  botões, sem ou com gola pequena, de um só tecido e cor  (sóbria),   abotoado na frente com uma única carreira de botões, sem  fivela de  ajuste.
 Jaqueta -                 Modelo com botões metálicos, sem correntes, de tecido    encorpado ou ainda de lã, na altura da cintura.
  Jaqueta -                 Modelo com botões metálicos, sem correntes, de tecido    encorpado ou ainda de lã, na altura da cintura.
 Ceroulas                 -                 Algodão, com ou  sem macramé, sem franjas se usadas por   dentro da bota, com franjas se  usadas por fora da bota, cujo comprimento  não  deverá passar a altura  do início do calcanhar para não pisar na  franja.
 Ceroulas                 -                 Algodão, com ou  sem macramé, sem franjas se usadas por   dentro da bota, com franjas se  usadas por fora da bota, cujo comprimento  não  deverá passar a altura  do início do calcanhar para não pisar na  franja.
 Detalhes                 -                 Lenço preto só  nos casos de luto. Jamais em festas e  bailes.  Lenço xadrez de branco e  preto também é luto (aliviado). Os nós  mais conhecidos  são: nó de  correr, nó de namorado, nó de rodeio, nó  cabeça de boi, nó de dois   galhos, rapadura.
 Detalhes                 -                 Lenço preto só  nos casos de luto. Jamais em festas e  bailes.  Lenço xadrez de branco e  preto também é luto (aliviado). Os nós  mais conhecidos  são: nó de  correr, nó de namorado, nó de rodeio, nó  cabeça de boi, nó de dois   galhos, rapadura.
 Chapéu                 -                Chapéu de feltro,  copa alta arredondada e aba curta com   barbicacho de seda e sem metal  (usado com o lenço vermelho, ou na cabeça  ou no  pescoço, com nó  republicano). Chapéu de feltro copa baixa e aba  larga com barbicacho   de seda e sem metal (usado com lenço no pescoço,  nas cores branco, bege  ou  ainda vermelho, com outro nó, que não o  “republicano”).
 Chapéu                 -                Chapéu de feltro,  copa alta arredondada e aba curta com   barbicacho de seda e sem metal  (usado com o lenço vermelho, ou na cabeça  ou no  pescoço, com nó  republicano). Chapéu de feltro copa baixa e aba  larga com barbicacho   de seda e sem metal (usado com lenço no pescoço,  nas cores branco, bege  ou  ainda vermelho, com outro nó, que não o  “republicano”).
 Guaiaca                 -                 Lisa, com uma ou  duas fivelas, bolsos em número de um a   três.
 Guaiaca                 -                 Lisa, com uma ou  duas fivelas, bolsos em número de um a   três.
 Bota -                 Modelo tradicional. Couro liso modelo tradicional cor   preta,  marrom escuro, ou marrom avermelhado. Estilos conforme a região.
  Bota -                 Modelo tradicional. Couro liso modelo tradicional cor   preta,  marrom escuro, ou marrom avermelhado. Estilos conforme a região.  
 Faixa                 -                De cor vermelha,  preta ou bege-cru, de lã, com 10 a 12 cm  de largura, sem  bordado.
 Faixa                 -                De cor vermelha,  preta ou bege-cru, de lã, com 10 a 12 cm  de largura, sem  bordado.
 Esporas                 -                 Seu uso é  facultativo.
 Esporas                 -                 Seu uso é  facultativo.
 Lenço                 -              Usado na cabeça ou  no pescoço, nas seguintes formas:
 Lenço                 -              Usado na cabeça ou  no pescoço, nas seguintes formas: 
-  Se usado na cabeça, vai  obrigatoriamente representar o   farrapo: de seda, na cor vermelha, de  tamanho grande, cobrindo os  ombros, com o  nó republicano no peito  (atado no próprio lenço da  cabeça, com o nó  republicano, sem outro  lenço no pescoço). 
-  Se no pescoço: quando representar o farrapo. De  seda,  na  cor vermelha, com nó republicano de simbolismo político,  composto  de dois topes  e uma “rapadura” ao centro - vermelho de  1835.  
Barbicacho - Termo usado em Portugal          e na Espanha, é um cordão ou tira de couro passada por baixo          do queixo. Suas extremidades superiores são presas,  lateralmente,          na parte interna da carneira do chapéu, para evitar que este  caia          na cabeça com o vento ou com movimentos do trabalho do gaúcho. 
*Eduardo Amorim é um dos maiores  fotógrafos do Rio Grande  do Sul, seja na influência que  seus  trabalhos criam ou simplesmente no retrato de nossa estética,  costumes e  tradições, ilustra de forma magnífica a indumentária usada pelo gaúcho..
Confira algumas imagens e não  deixe de passar no Flickr de Eduardo. O endereço está Aqui 
  
Botas Garão de potro (fechada)
Foto:  Eduardo Amorim 
O folclorista alemão Lehamann Nitsche,  pesquisador do folclore  argentino, realizou um estudo no Museu de  História e Arte de Berlim, em  1908, constatando que a bota de potro ou  de vaca aparecia em quase todos  os povos primitivos da antiguidade.
Foi o primeiro calçado fabricado  pelos nossos índios e gaúchos, por  volta do século XVIII. Era comum a  tropeiros, changadores, paulistas e  lagunistas que tropeavam mulas para  Minas Gerais.
Estribo de prata
Foto: Eduardo  Amorim 
  
Montaria
Foto: Eduardo Amorim 
 
La guayaca
Foto: Eduardo Amorim 
Com uma ou duas fivelas, bolso para relógio à esquerda, bolso  maior às  costas, meio coldre do lado de laçar, uma bolsa para  moedas;  geralmente de couro curtido ou modelos funcionais.
   
  
 
  
 Boleadeiras
Fotos: Eduardo Amorim 
  
Usados por nosso homem do campo a partir do século   XVIII, também chamado de  "potreadora" ou "Três Marias".
Ele consiste basicamente de três pesos   de pedra esférica ou em forma de pêra (pedras indianas ou pedregulhos),   madeira, metal (bronze de ferro ou chumbo), balas, muitas vezes  antigos,  chifre (guampa) neste caso em forma e cheio de chumbo. Essas  três unidades são mutuamente equilibradas em  termos de volume. A menor,  mais leve,  permanece na mão até o momento da liberação. 
O chapéu
Foto: Eduardo Amorim 
 
Os portugueses  trouxeram dois tipos de chapéu: o de feltro, de copa  alta, e o de  palha, comumente chamado de "abeiro". O chapéu de feltro  era caro,  usado normalmente por homens de posse. O de palha (de arroz,  de trigo  ou de milho) era do homem comum e da gurizada das estâncias.  Militares,  magistrados e pessoas importantes usavam até a primeira  metade do  século 19 o chapéu bicórnio estilo napoleônico, conforme  descrição dos  cronistas do passado e de pinturas de Jean-Baptiste  Debret, substituído  depois pelo chapéu tricórnio.  
 Após a guerra do Paraguai, a copa do chapéu de feltro vai se  achatar e a  aba do chapéu ficará mais larga, tomando as formas que o  chapéu  campeiro gauchesco ostenta até hoje, invariavelmente preso por  um  barbicacho que passava por baixo do queixo ou abaixo do lábio  inferior. O  barbicacho surgiu pela necessidade de fixar o chapéu á  cabeça durante o  ato de cavalgar, sobretudo nas galopadas. O chapéu do  tropeiro sempre  foi característico: para não juntar água em caso de  chuva, a copa era e  ainda é amassada em forma de pirâmide. O gaúcho da  fronteira gosta de  usar o chapéu de feltro com abas mais ou menos  retas, como o chapéu  português do campino ribatejano. Já o  gaúcho serrano  tradicionalmente usava o chapéu desabado na frente e  atrás. Depois do  advento do cinema e do caubói, o gaúcho serrano passou  a levantar as  abas do chapéu dos dois lados. 
  

 
Mas o chapéu mais tipicamente gauchesco, o mais  original, era o "chapéu  pança de burro", cortado circularmente da barriga de um muar e   amoldado, ainda fresco, na cabeça de um palanque. Com o uso, perdia o   pêlo e tomava uma cor esbranquiçada, conforme aparece em quadros de   Debret.      
Desde            o início da colonização do território do             atual Rio Grande do Sul, o lenço vem acompanhando nossa   evolução.            As tribos indígenas, que habitavam nossas terras,   especialmente            os Charruas, Jaros e Minuanos, com cabelos  compridos, usavam  tira, fita            ou “vincha”, prendendo suas  cabeleiras.
           Após a chegada dos espanhóis e  portugueses é que            surgiu a moda de cortar o cabelo.
           Em razão dos longos cabelos, que  usavam, os indígenas            prendiam com tiras de imbira ou couro de  pequenos animais. Já            na época dos padres missioneiros  espanhóis passaram a            usar o pano, que circundava a testa a  parte traseira do  pescoço.            Essa tira servia para prender os  cabelos e afastá-los dos  olhos,            na investidas para as  caçadas, disputas esportivas ou batalhas             de guerra.
           As matas bravias e as grandes  distâncias a percorrer foram  tornando            pouco eficaz tal forma  de uso da tira. Passaram a prender seus  cabelos,            puxando  parte para trás da cabeça, atando o maço            rente a cabeça. À  moda “colo-de-cavalo”. Nesse            período registra-se o “Peão das  Vacarias”.            Ele usava tal fita prendendo os cabelos e que era  chamada,  pelos platinos            de “vincha”.
           As lutas barbarescas do  sul-rio-grandense primitivo mesclaram o  ideal            e a coragem  retemperados pelo sangue bravio, suor e o Vento  Pampeano.             Ficaram impregnadas, na vincha do herói anônimo, que a             história esqueceu, muitas lições de bravura.
           Embora que em nossas pesquisas não  encontrássemos, qualquer            autor referindo-se ao fato, temos a  firme convicção de            que o lenço de pescoço não surgiu como um  adorno,            mas sim da evolução da vincha, pelas circunstâncias             da época. Quando no modismo de cortar os cabelos não haviam             mais motivos para o peão usar a tira atada à cabeça.             Foi, possivelmente, conservada, enlaçada no pescoço, com            as  pontas atiradas para trás, grande, retangular, com as  pontas             viradas para trás, nos moldes usados atualmente pelas  mulheres.

 
           O lenço desceu da cabeça para o  pescoço, ainda            com as pontas para trás. Sua maior afirmação  foi            quando adotado politicamente, como designativo de cor   partidária.            Os companheiros ou inimigos eram reconhecidos, na  distância,  pela            cor do lenço. As pontas atiradas para trás  pouco destacavam            a cor – símbolo de luta. Surgiu, finalmente,  o lenço            do gaúcho, nos moldes atuais, atado ao pescoço,  solto            ao peito. Passou a ser instrumento de identificação, ao             longe, tremulando ao vento.
 
Há várias formas de atar o lenço             gaúcho. As mais tradicionais são 8 formas. Duas têm             origem política, o Nó Farroupilha, de uso nos anos de            1835  a 1845 e o Nó Federalista, de 1893 a 1896. O pano  geralmente             usado é a seda. Um lenço esvoaçando ao vento, sobre            o peito  de gaúcho, é uma marca registrada da altivez de            nossa  indumentária gaúcha.  
 
Simples  ou Chimango 
Identificou-se com o lenço branco usado pelos pacifistas e opositores  aos Maragatos nas Revoluções Federalistas de  1923 e 1930, sendo assim  apelidados de Chimangos. Este nó também pode ser dado  em lenços nas  cores: azul-claro, azul-escuro, verde, amarelo, branco,  preto,  preto-branco, verde-claro, bege, marrom, vermelho-branco, bicolor e  multi-cor.
Quatro  Cantos, Rapadura ou Maragato 
Adotado pelos rebeldes denominados Farroupilhas que usavam-no em seus  lenços vermelhos durante a Revolução Farroupilha. Aceita-se ainda este  nó em lenços: encarnado, colorado,  preto e preto-branco.
Saco de  Touro, Três Galhos e Amizade  
Também chamado de nó Farroupilha é usado em lenços de cores: encarnado,  vermelho, colorado, verde, preto e preto-branco.
Crucifixo
Ficou assim conhecido por que ao modo de usá-lo parece o peão estar com  um crucifixo no pescoço, muito usado em missas e festas  religiosas não  havendo restrições quanto a cor de lenço para seu uso.
Pachola  
Possui duas posições, destro e canhoto, identificando assim o peão que o   usa. Pode ser usado em lenços de todas as cores, exceto em preto e  preto-branco.
Papagaio,   Soledade ou Triangular  
Um dos mais belos nós, não havendo restrições quanto a cor do lenço em  que vai ser usado. 
    
Namorado
Possui três posições na medida em que os nós são afastados sendo elas:  apaixonado, se o nó estiver apertado; querendão, se houver espaço entre  os nós; e livre se o espaço se alargar. Pode ser usado em lenços  de  todas as cores. 
De Calzoncillo e Chiripá
 Esporas
Foto: Eduardo Amorim 
 
 
Esporas  - Peças de metal, adaptadas          nas botas, servindo para acicatar a  montaria. Compõe-se de  roseta,          papagaio, garfo e correia. No  Rio Grande do Sul, basicamente,  existem          dois tipos de roseta,  cujos tamanhos variam de acordo com o  gosto de cada          um. A  espora nazarena: toda a roseta é feita de cinco ou seis  pinos           agudos (assemelhando-se aos espinhos da coroa de Cristo, daí o           nome de Nazarena). A espora chilena tem o formato de serrilha   circular,de          vários tamanhos, cujo modelo lembra, vagamente, as  sonantes  esporasdos          "huasos" chilenos (vaqueiro que se  assemelha em algumas técnicas           de trabalho com os gaúchos das  três pátrias; é          chamado de maturango pelos argentinos), são de  formato côncavo          e redondo. 
Coincidindo em  traços gerais com a Guerra do Paraguai, surge nos pampas uma peça de  indumentária: "os cações bombachos", as "as calças bombachas" ou  simplesmente as bombachas. No Uruguai, onde aparecem antes,são chamados  também de "calzones chinos", porque tudo que fosse do Oriente, para os  castelhanos, era chines.
 
 Faixa
Fotos: Eduardo Amorim 
 
 
Faixa - Colocada ao redor  da cintura,          serve para cingir os rins tanto nos trabalhos  campeiros como em  trajes          festivos. Feita com tecido de lã ou  algodão, mede 2,80m          por 0,18cm de largura. Normalmente tem as  cores preta, vermelha  ou azul          marinho, mas também há algumas  multicores, feitas no norte          da Argentina ou no Paraguai.
 Tirador
 
Tirador - É uma espécie           de avental com couro de boi, cavalo ou capivara, usado pelo   campeiro para          proteger seus flancos contra a fricção do laço ao           prender um animal. O homem do campo veste o tirador somente  para  o trabalho.
Pala
Pala - Espécie de capa de formato          retangular  com franjas nos lados estreitos do retângulo. Tem uma           abertura  central por onde a cabeça é enfiada. O pala cai          sobre os  ombros e é feito com lã, algodão ou seda,          sempre em tecido  leve. É usado nas estações menos          frias.
Poncho-pala - De lã espessa,           formato retangular, com extremidades arredondadas e franjadas,   possui          uma gola aberta onde se enfia a cabeça. É abrigo de  inverno.         
Poncho - De lã ou outro  tecido          grosso, compacto, às vezes, impermeável, tem formato  arredondado           e, geralmente, é forrado de baeta vermelha. Possui  uma abertura          central, para enfiar a gola com botões. Serve de  abrigo para o          frio rigoroso e para a chuva.