Em plena Arena das Cavalhadas, em meio aos cavaleiros mouros e cristãos, a diretoria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan entregou ao prefeito de Pirenópolis, Nivaldo Antônio de Melo o título de Patrimônio Cultural de Brasil para a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, aprovado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em abril desse ano. Depois do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, em outubro de 2005, a festa de Pirenópolis é a primeira manifestação religiosa a receber esse título.
Na solenidade, a diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial – DPI-Iphan, Márcia Sant’Anna, ressaltou que a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis apresenta todos os pressupostos que permitem entendê-la como um “fato social total”. Segundo ela, é um sistema de produção e circulação de bens e de dádivas baseados na reciprocidade, interferindo em todas as dimensões da vida social local. Com o título de patrimônio cultural brasileiro, o Iphan passa a implementar políticas de proteção à Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, por meio de medidas de salvaguarda que visam enfrentar os problemas que possam ameaçar a manifestação cultural.
A Festa do Divino de Pirenópolis é realizada anualmente desde 1819, data do primeiro registro na lista local de imperadores. Desde então, ano após ano, essa listagem é atualizada e publicada na programação da festa. É considerada uma das mais expressivas celebrações do Espírito Santo no país, especialmente pelo grande número de seus rituais, personagens e componentes, como as cavalhadas de mouros e cristãos e os mascarados montados a cavalo. Enraizada no cotidiano dos moradores de Pirenópolis, a Festa do Divino determina os padrões de sociabilidade local, consolidando-se como elemento fundamental da identidade cultural da cidade.
Os rituais têm início no domingo de Páscoa e seguem até o domingo seguinte ao feriado de Corpus Christi. O clímax da festa é no Domingo de Pentecostes ou do Divino. Os elementos essenciais incluem as Folias da Roça e da Rua, a coroa, as cerimônias e rituais do Império, com alvoradas, cortejos do Imperador, novena, jantares, cafés, missas cantadas, levantamento do mastro, queima de fogos, distribuição de “verônicas”, sorteio e coroação do novo Imperador.
Já as Cavalhadas encenam batalhas medievais entre mouros e cristãos – em honra do Imperador e do Espírito Santo. Elas começam no domingo de Pentecostes e vão até terça-feira à noite, quando rezam ao Divino e descarregam as armas, encerrando o Império. A festa é aberta no sábado pelos Mascarados – onças, capetas, caveiras, bois com grandes chifres e monstros – que ao meio-dia anunciam a abertura da festa na véspera de Pentecostes. Eles circulam pela cidade e no Campo das Cavalhadas, no intervalo das encenações.
Fonte: IPHAN
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