Hiroshi Yoshida (1876 - 1950) é uma das principais figuras da gravura japonesa após o fim do período Meiji (1912). Utilizava técnicas de xilogravura e seguiu uma vertente artística que ficou conhecida como shin hanga.
Pérolas da cultura oriental.
O aparecimento das estampas Shin Hanga.
Os precursores
O movimento que viria a ser conhecido como Shin Hanga (ou Nova Estampa) vai buscar os seus fundamentos artísticos à obra dos grandes grandes artistas da era Meiji (1868-1912).
No campo da paisagem o mais assinalavel precursor será, sem dúvida Kobayashi Kiyochika (1847-1915). Ao que parece nunca seguiu a aprendizagem clássica junto de um mestre estabelecido, mas recebeu conselhos de um aguarelista inglês, Charles Wirgman. Contrariamente aos hábitos da época, trabalhava ao ar livre, e esboçava as paisagens em pequenos cadernos. Dois destes cadernos chegaram até nós.
Os desenhos e as aguarelas que Kiyochika realizou mais tarde lembram sem desprimor as últimas séries de estampas do seu célebre precursor Utagawa Hiroshige (1797-1858). No entanto, desde as suas primeiras paisagens horizontais que Kiyochika protagonizou uma verdadeira ruptura na tradição, continuada com as aguarelas do seu aluno Inoue Yasuji (1864-1889), prematuramente desaparecido. Ambos anunciam as obras dos grandes artistas Shin Hanga: Kawase Hasui e Hiroshi Yoshida.
No que se refere ao retrato feminino as raízes do movimento Shin Hanga devem ser procuradas na obra de Chikanobu Toyohara (1838-1912), e em particular na sua série Shin Bijin (Novas Beldades), de 1897. Na realidade o período que vai da década de 1890 até ao final da era Meiji pode ser considerado como uma época de transição, que marca a passagem dos gravadores tradicionais do ukiyo-e aos mestres da Nova Estampa. Os representantes mais importantes deste período de transição são Kaburagi Kiyokata, Kajita Hanko e Takeuchi Keishu. Todos realizaram ilustrações de livros, em particular kuchi-e (frontespícios de romances e novelas). Os seus desenhos e as suas gravuras propõem uma imagem romântica da sociedade, nomeadamente através da utilização de cores doces e suaves.
Eram todos pintores da mulher e da sua beleza, os seus temas favoritos eram os lugares de elegância e de prazer, o cerimonial do chá, e as “casas verdes”. É neste período que o nu e o seminu se tornam os assuntos preferidos dos amadores. As estampas de “beldades” conheceram muito rapidamente um grande sucesso, nomeadamente nos Estados Unidos. Aquando das vendas em leilões pagavam-se preços consideráveis pelas estampas com fundo em mica de Goyo e Shinsui.
Os retratos de atores
As estampas representando paisagens, flores ou pássaros, e, sobretudo, “beldades” desenvolveram-se gradualmente desde a era Meiji (1868-1912) até ao início da era Taisho (1912-1926). Aconteceu o mesmo aos retratos de atores do teatro kabuki.
Os artistas do primeiro quarto do século XX inspiraram-se nas obras de Sharaku, de Kunimasa ou de Toyokuni, anteriores em cerca de cento e vinte anos. Tal como os seus predecessores preferiram os okubi-e, estampas representando apenas a cabeça e a os ombros, em grande plano, dos atores de kabuki mais populares.
Afim de reforçar o efeito dramático das feições, os desenhistas Natori Shunsen, Yamamura Koka (conhecido pelo nome artístico de Toyonari) ou, ainda, Yoshikawa Kanpo utilizaram frequentemente os fundos com mica.
As suas obras caracterizam-se pelo seu despojamento, que se revela na escolha de cores puras, na recusa do modelado e do claro escuro, na ousadia do recorte e da perspectiva. Se os gravadores em madeira japoneses conseguiram exprimir-se forma completa com o mínimo dos meios é porque, para lá do amor pelos bens materiais e do respeito pelos bons utensílios, souberam ver o mundo com um olhar novo, comungar com a natureza e transpô-la nas suas “imagens de um mundo que flutua”.