A Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que organizou em 1928 junto com o compositor e sambista Donga, participou de várias gravações para a Parlophon, numa época em que o sistema elétrico de gravação era uma grande novidade. Liderou também os Diabos do Céu, a Guarda Velha e a Orquestra Columbia de Pixinguinha. Nos anos 30 e 40 gravou como flautista e saxofonista (em dueto com o flautista Benedito Lacerda) diversas peças que se tornaram a base do repertório de choro, para solista e acompanhamento. Algumas delas são "Segura Ele", "Ainda Me Recordo", "1 x 0", "Proezas de Solon", "Naquele Tempo", "Abraçando Jacaré", "Os Oito Batutas", "As Proezas do Nolasco", "Sofres Porque Queres", gravadas mais tarde por intérpretes de vários instrumentos. Em 1940, indicado por Villa-Lobos, foi o responsável pela seleção dos músicos populares que participaram da célebre gravação para o maestro Leopold Stokowski, que divulgou a música brasileira nos Estados Unidos. Como arranjador, atividade que começou a exercer na orquestra da gravadora Victor em 1929, incorporou elementos brasileiros a um meio bastante influenciado por técnicas estrangeiras, mudando a maneira de se fazer orquestração e arranjo. Trocou de instrumento definitivamente pelo saxofone em 1946, o que, segundo alguns biógrafos, aconteceu porque Pixinguinha teria perdido a embocadura para a flauta devido a problemas com bebida.
Mesmo assim não parou de compor nem mesmo quando teve o primeiro enfarte, em 1964, que o obrigou a permanecer 20 dias no hospital. Daí surgiram músicas com títulos "de ocasião", como "Fala Baixinho" Mais Quinze Dias", "No Elevador", "Mais Três Dias", "Vou pra Casa". Depois de sua morte, em 1973, uma série de homenagens em discos e shows foi produzida. A Prefeitura do Rio de Janeiro produziu também grandes eventos em 1988 e 1998, quando completaria 90 e 100 anos. Algumas músicas de Pixinguinha ganharam letra antes ou depois de sua morte, sendo a mais famosa "Carinhoso", composta em 1917, gravada pela primeira vez em 1928, de forma instrumental, e cuja letra João de Barro escreveu em 1937, para gravação de Orlando Silva. Outras que ganharam letras foram "Rosa" (Otávio de Souza), "Lamento" (Vinicius de Moraes) e "Isso É Que É Viver" (Hermínio Bello de Carvalho).
Curiosidades
*De repente, Dona Betty precisou ser internada no Hospital do Iaserj. Pixinguinha não absorveu o choque, enfartou e acabou socorrido no mesmo hospital. Com medo que o estado de sua mulher piorasse, combinou com o filho (Alfredinho) não contar o enfarte a ela. Todos os dias, no horário de visita, Pixinguinha deixava o leito, vestia o terno e o chapéu, e, acompanhado do filho, ia ver a esposa levando-lhe um buquê de flores. Depois, voltava para o próprio quarto de doente, na cardiologia, e prosseguia com o tratamento.
*Durante algum tempo, ele repetiu, costumeiramente, o ritual de visita diária à esposa, até que um dia, surpreendeu-se ao entrar no quarto de dona Betty e encontrá-la dormindo muito quieta. Tomou um susto, porque o velho coração, enfraquecido ainda mais pela traiçoeira doença, ameaçou baquear para sempre. Pixinguinha safou-se, pensando no filho. Respirou fundo, manteve-se firme e permaneceu bom tempo velando o sono da amada companheira. Passados oito meses, ele morria. Enfartado.
*Eu fazia umas bossas, eu era do choro, eu seguia a inspiração".
(Pixinguinha falando sobre os seus primeiros improvisos na flauta).
(Pixinguinha falando sobre os seus primeiros improvisos na flauta).
*Altas horas da noite, voltando de uma apresentação, Pixinguinha foi cercado por três assaltantes. Depois de entregar o dinheiro e explicar que carregava a sua flauta no estojo, ele foi reconhecido pelos criminosos, que, com um pedido de desculpas, devolveram-lhe o dinheiro. Fizeram mais: decidiram escoltá-lo até sua casa. No caminho, porém, o grupo parou numa birosca que abria as portas muito cedo, ainda de madrugada. O inusitado encontro acabou em muito samba e cachaça, por conta – imagina - do cachê que o músico havia recebido anteriormente na noite.
*Em 1956, Negrão de Lima, prefeito do antigo Distrito Federal, no Rio de Janeiro, publicou decreto concedendo a Pixinguinha o seu nome à rua onde o querido músico morava, número 23. No entanto, a casa só passou a lhe pertencer três ano depois, quando da quitação da última prestação paga pelo imóvel. Houve festa, destacando-se a colocação de uma placa comemorativa na entrada da casa. Lá pelas tantas, a placa sumiu. Havia sido roubada pelos cronistas e escritores Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) e Lúcio Rangel, amigos e admiradores de Pixinguinha.
*No bar Gouveia, no Centro do Rio, onde mantinha mesa, cadeira e copo cativos, Pixinguinha reunia-se, todo fim de tarde, com os velhos amigos e colegas Donga e João da Bahiana. Donga e João explicavam tão fiel relacionamento, afirmando: "O que eles disserem é o que eu tenho a dizer. Somos um trio". E Pixinguinha recordava o seu tempo de moço ao falar de si mesmo e dos amigos: "Nós somos um poema”. Perguntado se era um indivíduo modesto, respondia: “Se sou modesto não sei. Não tenho pretensão. Na verdade, não quero nada. Quero paz. Pronto.
*O escritor Mário de Andrade procurou Pixinguinha, em 1926, explicando que estava recolhendo material para um livro, "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter", que pretendia publicar. Pediu um depoimento a Pixinguinha, que relatou em detalhes as rituais do candomblé da Tia Ciata, célebre pelas famosas sessões onde eram cultuados orixás africanos. Em retribuição, procurando homenageá-lo, Mário fez de Pixinguinha um de seus personagens na obra, inserido na famosa cena de macumba descrita no livro pelo autor paulista. Pixinguinha figura como "um negrão filho de Ogum, bexiguento e fadista de profissão".
*Escrito por Jonas Vieira. Extraído do livro Pixinguinha Filho de Ogum Bexiguento de Marília Barbosa e Arthur de Oliveira.
Som Pixinguinha
Odeon - 1971
GENTE DA ANTIGA - PIXINGUINHA, CLEMENTINA DE JESUS e JOÃO DA BAIANA
Odeon - 1968
CARNAVAL DOS BONS TEMPOS - PIXINGUINHA E SUA BANDA
RCA Victor - 1967
ALEGRIA - PIXINGUINHA E SUA ORQUESTRA
Musidisc - 1960
Extras
Tributos
Participações
Revivendo - 1994
Livros:
O MELHOR DE PIXINGUINHA - MELODIAS E CIFRAS
PIXINGUINHA: FILHO DE OGUM BEXIGUENTO
PIXINGUINHA VIDA E OBRA
O acervo da área musical do Instituto Moreira Salles contempla grande parte da história da música e da cultura popular brasileira a partir do século XIX, com destaque para três grandes coleções: a do crítico e historiador José Ramos Tinhorão, a do fotógrafo e pesquisador Humberto Franceschi e a do compositor e instrumentista Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha.
O primeiro a ser incorporado pelo IMS, o de Pixinguinha – depositado pela família no Instituto em 1999 – deu início a uma série de iniciativas, ainda em curso, com a intenção de criar um padrão de qualidade para a organização e divulgação de arquivos musicais no Brasil. Em seguida, a aquisição das coleções pertencentes a José Ramos Tinhorão possibilitou ao Instituto Moreira Salles reunir, em suas instalações, um dos mais completos fundos de informação sobre a história da música brasileira, compostos por milhares de discos e gravações, livros, jornais, revistas e documentos colecionados pelo crítico santista ao longo de seus quase 50 anos de atividade ininterrupta na imprensa.
Carinhoso (De Pixinguinha e Braguinha)
Elis canta 'Carinhoso '
Paulinho da Viola e Marisa Monte
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