5 de fevereiro de 2010

Pixinguinha



Considerado um dos maiores gênios da música popular brasileira e mundial, Pixinguinha revolucionou a maneira de se fazer música no Brasil sob vários aspectos. Como compositor, arranjador e instrumentista, sua atuação foi decisiva nos rumos que a música brasileira tomou. O apelido "Pizindim" vem da infância, era como a avó africana o chamava, querendo dizer "menino bom". O pai era flautista amador, e foi pela flauta que Pixinguinha começou sua ligação mais séria com a música, depois de ter aprendido um pouco de cavaquinho. Logo começou a tocar em orquestras, choperias, peças musicais e a participar de gravações ao lado dos irmãos Henrique e Otávio (China), que tocavam violão. Rapidamente criou fama como flautista graças aos improvisos e floreados que tirava do instrumento, que causavam grande impressão no público quando aliados à sua pouca idade. Começou a compor os primeiro choros, polcas e valsas ainda na década de 10, formando seu próprio conjunto, o Grupo do Pixinguinha, que mais tarde se tornou o prestigiado Os Oito Batutas. Com os Batutas fez uma célebre excursão pela Europa no início dos anos 20, com o propósito de divulgar a música brasileira. Os conjuntos liderados por Pixinguinha tiveram grande importância na história da indústria fonográfica brasileira. 


A Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que organizou em 1928 junto com o compositor e sambista Donga, participou de várias gravações para a Parlophon, numa época em que o sistema elétrico de gravação era uma grande novidade. Liderou também os Diabos do Céu, a Guarda Velha e a Orquestra Columbia de Pixinguinha. Nos anos 30 e 40 gravou como flautista e saxofonista (em dueto com o flautista Benedito Lacerda) diversas peças que se tornaram a base do repertório de choro, para solista e acompanhamento. Algumas delas são "Segura Ele", "Ainda Me Recordo", "1 x 0", "Proezas de Solon", "Naquele Tempo", "Abraçando Jacaré", "Os Oito Batutas", "As Proezas do Nolasco", "Sofres Porque Queres", gravadas mais tarde por intérpretes de vários instrumentos. Em 1940, indicado por Villa-Lobos, foi o responsável pela seleção dos músicos populares que participaram da célebre gravação para o maestro Leopold Stokowski, que divulgou a música brasileira nos Estados Unidos. Como arranjador, atividade que começou a exercer na orquestra da gravadora Victor em 1929, incorporou elementos brasileiros a um meio bastante influenciado por técnicas estrangeiras, mudando a maneira de se fazer orquestração e arranjo. Trocou de instrumento definitivamente pelo saxofone em 1946, o que, segundo alguns biógrafos, aconteceu porque Pixinguinha teria perdido a embocadura para a flauta devido a problemas com bebida. 

Mesmo assim não parou de compor nem mesmo quando teve o primeiro enfarte, em 1964, que o obrigou a permanecer 20 dias no hospital. Daí surgiram músicas com títulos "de ocasião", como "Fala Baixinho" Mais Quinze Dias", "No Elevador", "Mais Três Dias", "Vou pra Casa". Depois de sua morte, em 1973, uma série de homenagens em discos e shows foi produzida. A Prefeitura do Rio de Janeiro produziu também grandes eventos em 1988 e 1998, quando completaria 90 e 100 anos. Algumas músicas de Pixinguinha ganharam letra antes ou depois de sua morte, sendo a mais famosa "Carinhoso", composta em 1917, gravada pela primeira vez em 1928, de forma instrumental, e cuja letra João de Barro escreveu em 1937, para gravação de Orlando Silva. Outras que ganharam letras foram "Rosa" (Otávio de Souza), "Lamento" (Vinicius de Moraes) e "Isso É Que É Viver" (Hermínio Bello de Carvalho). 

 

 

Curiosidades
*De repente, Dona Betty precisou ser internada no Hospital do Iaserj. Pixinguinha não absorveu o choque, enfartou e acabou socorrido no mesmo hospital. Com medo que o estado de sua mulher piorasse, combinou com o filho (Alfredinho) não contar o enfarte a ela. Todos os dias, no horário de visita, Pixinguinha deixava o leito, vestia o terno e o chapéu, e, acompanhado do filho, ia ver a esposa levando-lhe um buquê de flores. Depois, voltava para o próprio quarto de doente, na cardiologia, e prosseguia com o tratamento.

*Durante algum tempo, ele repetiu, costumeiramente, o ritual de visita diária à esposa, até que um dia, surpreendeu-se ao entrar no quarto de dona Betty e encontrá-la dormindo muito quieta. Tomou um susto, porque o velho coração, enfraquecido ainda mais pela traiçoeira doença, ameaçou baquear para sempre. Pixinguinha safou-se, pensando no filho. Respirou fundo, manteve-se firme e permaneceu bom tempo velando o sono da amada companheira. Passados oito meses, ele morria. Enfartado.

*Eu fazia umas bossas, eu era do choro, eu seguia a inspiração".
(Pixinguinha falando sobre os seus primeiros improvisos na flauta).

*Altas horas da noite, voltando de uma apresentação, Pixinguinha foi cercado por três assaltantes. Depois de entregar o dinheiro e explicar que carregava a sua flauta no estojo, ele foi reconhecido pelos criminosos, que, com um pedido de desculpas, devolveram-lhe o dinheiro. Fizeram mais: decidiram escoltá-lo até sua casa. No caminho, porém, o grupo parou numa birosca que abria as portas muito cedo, ainda de madrugada. O inusitado encontro acabou em muito samba e cachaça, por conta – imagina - do cachê que o músico havia recebido anteriormente na noite.

*Em 1956, Negrão de Lima, prefeito do antigo Distrito Federal, no Rio de Janeiro, publicou decreto concedendo a Pixinguinha o seu nome à rua onde o querido músico morava, número 23. No entanto, a casa só passou a lhe pertencer três ano depois, quando da quitação da última prestação paga pelo imóvel. Houve festa, destacando-se a colocação de uma placa comemorativa na entrada da casa. Lá pelas tantas, a placa sumiu. Havia sido roubada pelos cronistas e escritores Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) e Lúcio Rangel, amigos e admiradores de Pixinguinha. 

*No bar Gouveia, no Centro do Rio, onde mantinha mesa, cadeira e copo cativos, Pixinguinha reunia-se, todo fim de tarde, com os velhos amigos e colegas Donga e João da Bahiana. Donga e João explicavam tão fiel relacionamento, afirmando: "O que eles disserem é o que eu tenho a dizer. Somos um trio". E Pixinguinha recordava o seu tempo de moço ao falar de si mesmo e dos amigos: "Nós somos um poema”. Perguntado se era um indivíduo modesto, respondia: “Se sou modesto não sei. Não tenho pretensão. Na verdade, não quero nada. Quero paz. Pronto.

*O escritor Mário de Andrade procurou Pixinguinha, em 1926, explicando que estava recolhendo material para um livro, "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter", que pretendia publicar. Pediu um depoimento a Pixinguinha, que relatou em detalhes as rituais do candomblé da Tia Ciata, célebre pelas famosas sessões onde eram cultuados orixás africanos. Em retribuição, procurando homenageá-lo, Mário fez de Pixinguinha um de seus personagens na obra, inserido na famosa cena de macumba descrita no livro pelo autor paulista. Pixinguinha figura como "um negrão filho de Ogum, bexiguento e fadista de profissão".
*Escrito por Jonas Vieira. Extraído do livro Pixinguinha Filho de Ogum Bexiguento de Marília Barbosa e Arthur de Oliveira.


Som Pixinguinha

Odeon - 1971
FESTIVAL DA VELHA GUARDA
Sinter - 1956
CARNAVAL DA VELHA GUARDA
Sinter - 1955
A VELHA GUARDA
Sinter - 1955

Extras 

Tributos

TEU NOME,
 PIXINGUINHA

TEU NOME, PIXINGUINHA

Biscoito Fino - 2002
AS 
INÉDITAS DE PIXINGUINHA

AS INÉDITAS DE PIXINGUINHA

Sony Music - 2002
PIXINGUINHA - 100 ANOS

PIXINGUINHA - 100 ANOS

BMG Brasil - 1997
ORQUESTRA PIXINGUINHA
Kuarup - 1996
Kuarup - 1988
Som Livre - 1978
PIXINGUINHA 70

PIXINGUINHA 70

Museu da Imagem e do Som - 1968
Participações
Revivendo - 1994
Livros:
O MELHOR DE PIXINGUINHA - MELODIAS E CIFRAS
PIXINGUINHA: FILHO DE OGUM BEXIGUENTO
PIXINGUINHA VIDA E OBRA 
 


 

O acervo da área musical do Instituto Moreira Salles contempla grande parte da história da música e da cultura popular brasileira a partir do século XIX, com destaque para três grandes coleções: a do crítico e historiador José Ramos Tinhorão, a do fotógrafo e pesquisador Humberto Franceschi e a do compositor e instrumentista Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha.
O primeiro a ser incorporado pelo IMS, o de Pixinguinha – depositado pela família no Instituto em 1999 – deu início a uma série de iniciativas, ainda em curso, com a intenção de criar um padrão de qualidade para a organização e divulgação de arquivos musicais no Brasil. Em seguida, a aquisição das coleções pertencentes a José Ramos Tinhorão possibilitou ao Instituto Moreira Salles reunir, em suas instalações, um dos mais completos fundos de informação sobre a história da música brasileira, compostos por milhares de discos e gravações, livros, jornais, revistas e documentos colecionados pelo crítico santista ao longo de seus quase 50 anos de atividade ininterrupta na imprensa.


Carinhoso (De Pixinguinha e Braguinha)


Elis canta 'Carinhoso '

Paulinho da Viola e Marisa Monte





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