19 de dezembro de 2009

Ariano Suassuna


Ariano Vilar Suassuna, advogado, professor, teatrólogo e romancista, desde 1990 ocupa a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Araújo Porto Alegre, o Barão de Santo Ângelo (1806-1879).
Filho de João Suassuna e de Rita de Cássia Villar, Ariano estava com um pouco mais de três anos quando seu pai, que havia governado o Estado no período de 1924 a 1928, foi assassinado no Rio de Janeiro, em conseqüência da luta política às vésperas da Revolução de 1930.
No mesmo ano, sua mãe se transferiu com os nove filhos para Taperoá, onde Ariano Suassuna fez os estudos primários. No sertão paraibano Ariano se familiarizou com os temas e as formas de expressão que mais tarde vieram a povoar a sua obra.
Em 1942, a família se mudou para Recife e os primeiros textos de Ariano foram publicados nos jornais da cidade, enquanto ele ainda fazia os estudos pré-universitários. Em 1946 Ariano iniciou a Faculdade de Direito e se ligou ao grupo de jovens escritores e artistas que tinha à frente Hermilo Borba Filho, com o qual fundou o Teatro do Estudante Pernambucano. No ano seguinte, Ariano escreveu sua primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol", e com ela ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno.
Após formar-se na Faculdade de Direito, em 1950, passou a dedicar-se também à advocacia. Mudou-se de novo para Taperoá, onde escreveu e montou a peça "Torturas de um Coração", em 1951. No ano seguinte, voltou a morar em Recife. O Auto da Compadecida (1955), encenado em 1957 pelo Teatro Adolescente do Recife, conquistou a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. A peça o projetou não só no país como foi traduzida e representada em nove idiomas, além de ser adaptada com enorme sucesso para o cinema.
No dia 19 de janeiro de 1957, Ariano se casou com Zélia de Andrade Lima, com a qual teve seis filhos. Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, do qual fez parte de 1967 a 1973 e do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, no período de 1968 a 1972.
Em 1969 foi nomeado Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, ficando no cargo até 1974.
Ariano estava sempre interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais e, no dia 18 de outubro de 1970, lançou o Movimento Armorial, com o concerto "Três Séculos de Música Nordestina: do Barroco ao Armorial", na Igreja de São Pedro dos Clérigos e uma exposição de gravura, pintura e escultura.
O escritor também foi Secretário de Educação e Cultura do Recife de 1975 a 1978. Doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1976 e foi professor da UFPE por mais de 30 anos, onde ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira.
Seu "Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta" publicado originalmente em 1971 teve a primeira edição. Relançado somente em 2005 teve sua segunda edição esgotada em menos de um mês, o que é uma coisa rara para um volume de quase 800 páginas.


Ariano Suassuna é um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor dos célebres "Auto da Compadecida" e "A Pedra do Reino".
Defensor militante da cultura brasileira, Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.





Frases de Suassuna:


"A humanidade se divide em dois grupos, os que concordam comigo e os equivocados."

"Sou a favor da internacionalização da cultura, mas não acabando as peculiaridades locais e nacionais".
"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa".
"Jamais falei mal de Molière, mas querer que eu aceite Elvis Presley já é demais".
"A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio."

"… que é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos."
"Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas"
"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso."
"Eu digo sempre que das três virtudes teologais , sou fraco na fé e fraco na qualidade, só me resta a esperança."
"Depois que eu vi num hotel em São Paulo um show de rock pela televisão, nunca mais eu critiquei os cantores medíocres brasileiros. Qualquer porcaria como a Banda Calypso ainda é melhor que qualquer banda de rock."
"Não tenho medo de andar de avião como muitos dizem. O que eu tenho é tédio. Não agüento mais olhar aquelas aeromoças fazendo um teatro mímico para mostrar aos passageiros como usar às máscaras de oxigênio em caso de despressurização, e a porta de emergência."
"Em vez de porta-aviões, os americanos hoje mandam Michael Jackson e Madonna para dominar o Brasil."
“Na pré-história, os cavalos comiam só mato e os homens começaram a comer carne. A evolução trouxe a raça humana até aqui e os cavalos continuam sendo vegetarianos até hoje. É por isso que nunca parei de comer carne.”

 Quinteto Armonial
 



O Quinteto Armorial foi um importante grupo de música instrumental brasileiro formado em Recife em 1970, gravaram quatro LPs até o final do grupo, em 1980. A proposta do Quinteto Armorial era criar uma música de câmara erudita com raízes populares, o grupo conseguiu realizar um trabalho de síntese entre a música erudita e as tradições populares do nordeste.


Histórico
Tocador de rabeca.O Quinteto Armorial surgiu no contexto do Movimento Armorial, idealizado pelo escritor Ariano Suassuna, que abrigou entre suas manifestações trabalhos nas áreas da gravura, pintura, tapeçaria, cerâmica, escultura, poesia, romance, teatro e música.
Antônio José Madureira, convidado em 1970 por Ariano Suassuna para liderar o Quinteto Armorial, descreve assim a proposta do grupo: "fazer uma música popular com elementos eruditos".
Sua obra propõe um diálogo entre o cancioneiro folclórico medieval e as práticas criativas dos cantadores nordestinos e seus instrumentos musicais tradicionais.
A seleção de instrumentos musicais com que o grupo trabalhava era condizente com sua proposta de síntese, composta tanto por rabeca, pífano, viola caipira, violão e zabumba quanto por violino, viola, e flauta transversa.

Ariano Suassuna: Iluminogravuras – a Estética Armorial


As iluminogravuras estão ligadas ao movimento armorial, proposto por Ariano Suassuna. Originalmente atribuído ao “conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo”, a palavra armorial ganhou, através do mestre Suassuna, um novo significado. Passou a designar criações que buscavam nas tradições populares brasileiras “a literatura de cordel, os poemas dos cantadores, a xilogravura, os estandartes e danças dos folguedos” os elementos para a construção de uma arte erudita essencialmente nacional.



Técnica
Na concepção das iluminogravuras, Ariano também se inspirou nas tradições medievais. A técnica de iluminura era praticada por monges na Idade Média. Eles costumavam adornar as páginas de manuscritos com motivos florais e geométricos, capitulares rebuscadas e figuras fantásticas, que cobriam as margens do papel, emoldurando o texto. Na versão armorial, Ariano combinou a antiga iluminura com a gravura. As imagens de cavaleiros, cruzes, animais e armas são penetradas pela palavra.


Conheça os projetos de Ariano Suassuna, entre eles a Aula-Espetáculo, em:


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